Entrevista Nelson Enohata, 2004
Entrevista cedida pelo artista aos organizadores do 14º Videobrasil
Durante o festival estaremos discutindo as questões do deslocamento e dos processos nômades como imagens e ações emblemáticas da situação política e cultural contemporânea. Como você reflete isso no painel da arte eletrônica? Este é um tema de interesse em sua obra?
Sim, culturalmente. Na medida em que meu deslocamento a outro lugar (Inglaterra) se deveu primordialmente ao fato de que no Brasil não havia (e não há) um conjunto cultural suficiente para que eu pudesse iniciar minha formação no tema de meu interesse, a saber, a Video-Dança. Ou seja, havia portanto um processo de deslocamento em busca de algo que, em meu solo, não existia.
As tecnologias da imagem e da informação participam de estratégias de controle e vigilância, sutis (ou não) e generalizadas. Diante desta realidade, qual seria , a seu ver, o papel da arte em contextos midiáticos?
De pura subversão.
No contexto sócio-político e cultural contemporâneo, as identidades locais se reconfiguram em tensão com os fluxos globais. Inserida neste processo, a arte eletrônica participa como um campo aberto à experimentação e expressão de novas formas de subjetividade. Como essas questões se manifestam em seu trabalho?
No sentido inverso, ou seja, usamos as identidades locais (diferenças) não na busca de uma situação de tensão e sim para um questionamento causado pelo processo de homogeneização. Portanto, o processo de embaralhamento das paisagens (ícones) de cada um dos lugares gera também uma confusão de interpretação e, assim, sentimento (originados por conceitos previamente estabelecidos em nós).
Associação Cultural Videobrasil