Depoimento 2019
Transcrição de depoimento para a 21ª Bienal
O #VoteLGBT surge após as manifestações de 2013, que levou milhares de pessoas (muitas delas jovens) para um novo tipo de militância articulada não por instituições como sindicatos ou partidos políticos, mas via internet e redes sociais. A partir da recusa da maior parte dos partidos em discutir questões de gênero e sexualidade, resolvemos criar o que então seria uma campanha: o #VoteLGBT, uma plataforma para abrigar todas as candidaturas que pudéssemos encontrar de apoio aos direitos da população LGBTQ.
Quanto à relação com a arte contemporânea (pensando esta também como um lugar de produção de subjetividades políticas, e não apenas de objetos) entendemos que o #VoteLGBT não se situa em um espaço "entre", mas justamente reivindica uma posição política de toda produção simbólica. A presença de coletivos e projetos como o #VoteLGBT em espaços culturais com narrativas e estruturas consolidadas disputa o reconhecimento de que toda produção artística deve ser entendida como produtora (e reprodutora) de perspectivas políticas. De que forma obras, curadorias, expografias, arquiteturas, programas de ocupação e atividades culturais diversas podem reverberar a manutenção de estruturas sociais e de sentido?
Pensando nisso, a proposta do #VoteLGBT para a 21ª Bienal estrutura-se em três eixos: acesso a direitos, formação política e disputa de narrativas, articulando atendimento, aconselhamento jurídico e orientação no campo dos direitos da população LGBTQ, juntamente com oficinas abertas e rodas de conversa a respeito de questões como o sistema eleitoral e democracia, alinhados à produção de conteúdos como vídeos e materiais impressos que colocam o público da Bienal em contato com essa discussão.