Texto crítico 1992
Mostra Homenagens_ Gianni Toti Da Arte-Chaos ao VideoZaum e à Interminável Inteligência do Pensamento Poemático
Eis que Gianni Toti faz suas propostas mais recentes com seus três "poematronics": as novas linguagens implícitas nas últimas "mediatrônicas" como meios-fins para permitir, em primeiro lugar, a confrontação criativa entre modelos mentais da ciência e da arte ("Ordre, Chaos, Phaos" e dos sete 'VideoPoemas Científicos' realizados para a exposição "O Imagineario Científico", na Géode da cidade das Ciências Técnicas e Industriais de La Villette, Paris); em segundo lugar, a prova de que é possível hoje, com as "Linguagetrônicas" videografar um verdadeiro "Canto" para os sonhos "linguageiros" da poesia "Zaum" (transmental) dos "habitantes do futuro" das primeiras vanguardas revolucionárias do século (os sonhos revolucionários de Vélimir Chlebnikov, e do segmento mais coerente do futurismo russo, na comédia eletrônica ou "PoemaloDrame" de "SqueeZangeZaum"; em terceiro lugar a experiência do Video-Poema-Ensaio ao nível da questões "epocais" do saber univers(al)itárias (com o "VideoCanto" à cultura de "Terminale Intelligenza", feito por encomenda da Universidade de Pisa). Como vemos (e veremos) são três as perspectivas de Gianni toti, abertas no horizonte da ultrapassagem da telinha e telas maiores rumo à conquista do espaço total "sinesteeatrônico" ou todas as sinestesias do teatro como lugar universal de todas as artes (aí incluídos a cinematelematografia, o teatro híbrido-virtual, a telepresença, phosphenografia, a fotônica, etc) possibilitando reestabelecer o contato perdido com o novo público que ainda se ilude com a miragem de uma interatividade ilusória - a verdadeira atividade dos públicos "neo-generacionais", como sempre, é a finalização, a complementação da obra iniciada pelos autores ("aqueles que aumentam o mundo da vida") em direção a "desamtkunstwerke" sonhada por Wagner e decendentes, até nós (de Schereberg a Skriabin a Tatlin a Chlebnikov a Paik aToti, etc). Assim, a oferenda das proposições totianas (escritas em língua totianizada, é claro! ou "toti-neo-Zaum"), os destinatários brasileiros, e outros, poderão fazer interagir os paradigmas mentais dos "atraentes singulares" ou "grafico-fraetálicas" da ordem-caos e das leis da evolução, que se assemelham mais às leis rimbaudianas do "desregramento dos sentidos"; e pensar e repensar a relação entre as imagens e as músicas verbais como músicais " imaginais" e verbos "musico-imaginais", enquanto a "imaginario dos saberes" se oferecerá às passagens dos modelos "meta-inimaginários" em direção às fronteiras psico-perceptivas que devem ser franqueadas para vivenciar a época das linguagens "imaginais' em outras profundezas, diferentes daquelas de campos restriitos e de tempos e de velhas velocidades sensoriais. São sonhos hiperbólicos para estes "tempos de um fim"? Talvez, e por que não? "Por que se limitar a fazer coisas difíceis quando, com um pouco mais de esforço, é possível fazer coisas impossíveis? Quem, quem perguntou isto? "É preciso fazer rápido, se ainda queremos ver alguma coisa"… e isto, quem? Toti, sim, mas quem antes dele? Ler-ver seus VideoPoemas…
9º Festival Internacional Videobrasil": de 21 a 27 de setembro de 1992, p.36, São Paulo-SP, 1992.
Texto crítico
Considerado o "pai" da videopoesia, Gianni Toti é um dos mais interessantes e experimentais videoartistas da cena internacional contemporânea. É difícil considerá-lo um artista da mídia, pois sua experiência como poeta, cineasta, escritor de teatro, jornalista, dentre muitas participações intelectuais, levou-o além da estética da imagem para nela encontrar uma maneira de representar o mundo como ele é, confrontando o processo de criação com a sociedade. Por José-Carlos Mariátegui, 2001.
trecho de texto de José- Carlos Mariátegui, 2001