Na videoperformance, o artista entrega seu corpo ao Deserto de Gobi, na Mongólia, em uma ação ritualística que tensiona os limites entre o visível e o invisível, o consciente e o inconsciente. Ao encontrar uma ramificação dourada caída entre pedras e flores – símbolo das “Árvores douradas” (Altan Hargana), plantas sagradas que protegem as famílias locais –, o artista escolhe esse espaço como altar para sua entrega performativa. Ali, cava um buraco, utiliza um pó dourado, possivelmente relacionado às plantas, para cobrir partes de seu corpo e se deita em posição fetal, cercado por pedras, como se buscasse enraizar-se na paisagem árida. A ação evoca um estado de suspensão, onde o corpo se torna extensão da terra e canal para forças ancestrais. A performance, realizada durante a 2ª Bienal de Land Art da Mongólia, manifesta uma poética da vulnerabilidade e da transcendência, onde o deserto, silencioso e vasto, atua como espelho da interioridade humana.