Ao investigar eventos que interferiram profundamente na paisagem do Saara Ocidental, território desértico e de baixa densidade populacional no sul do Marrocos e cuja autonomia em disputa é reivindicada pela República Saaraui, El Montassir se deparou com um ambiente silencioso e assombrado por sua complexa história sociopolítica. Diante do silêncio humano em relação a eventos traumáticos, as diversas formas de vida do deserto figuram como modo de reviver a memória coletiva apagada e reconhecer sua relevância na disputa com narrativas hegemônicas. Suas imagens e palavras dão forma, textura e eco ao silêncio árido, alimentando o animismo das pedras, cinzas, plantas e indivíduos, que, para além da consciência humana, atesta a resistência objetiva da memória frente ao tempo e ao poder estabelecido.