Ao contrário do que sugere o título, Aula magna é uma composição minimalista, formada por dois projetores 16 mm dispostos lado a lado. Os filmes retratam a despedida do artista de um ambiente que lhe é caro, através da variação da luz, recortada pela janela da sala de sua casa, e seus reflexos no piso de assoalho. Frases entrecortadas, fragmentos de diálogos, gargalhadas, o som do trânsito na avenida, o bater de copos são sons que surgem de gravações diretas feitas durante reuniões no mesmo espaço e que compõem os áudios de cada um dos dois filmes que se sobrepõem. Nessa composição que desagrega o ambiente, formas piscam descontínuas, em um movimento intermitente gerado pelos cortes da edição coordenados com o som e por corpos que passam na contraluz, provocando um efeito de flickering que cita os filmes do cinema estrutural dos anos 1960 e 1970. A luz desborda, assim, da sala do apartamento para a sala expositiva, conduzindo sutilmente os espectadores a perceber os efeitos da experiência do cinema no espaço ao redor da tela.