No ano de 2103, o planeta Terra não é mais habitável. Incapazes de lidar com a força da gravidade, os seres humanos passaram a viver numa estação internacional espacial. Não mais suportando o contato direto com o ambiente terrestre, têm nos arquivos fílmicos,  fotográficos, escritos e digitais a única fonte de conhecimento sobre seu próprio passado. O personagem Usha Adebaran Sagar, descendente de Anjalika Sagar, membro do Otolith Group, explora o diário e o arquivo de sua antepassada. A documentação explorada revela, por sua vez, a pesquisa de Anjalika sobre sua própria avó, membro da Federação Nacional de Mulheres Indianas durante os anos de 1970. Estruturada como uma mise em abyme — expediente pelo qual enredos são concatenados no interior de outros —, a narrativa cria uma imagem de tempo circular na qual pontos distintos da história acabam por se sobrepor. Ainda que produza um efeito distópico, o procedimento também revela virtualidades históricas não efetivadas, dando espessura ao tempo.  O vídeo recebeu uma continuação, Otolith II, de 2007, no qual Usha segue lendo o diário de Anjalika. É um dos primeiros trabalhos do grupo, que iniciava sua investigação do chamado afrofuturismo. Ao se utilizar dos artifícios da ficção científica, as obras do grupo não perdem de vista os processos históricos e os conflitos políticos neles engendrados. A visão pós-apocalíptica dissocia-se de uma leitura caricata, até então muito comum no cinema.