Texto do artista Fabio Itapura, 1998
Fora do ar
FORA DO AR é uma festa como transgressão daquilo que é estabelecido, o estar junto. As festas, como as drogas ou a pinga, constituem um cimento social. A vontade de partilhar um coletivo e de pertencer aos acontecimentos. Ver as pessoas e mostrar-se. Interagir. Tomar parte. Vendo a TV e vendo a festa. Assistindo a festa passar e a novela. E as noticias. E se envolver. Estar dentro da música, descontrair-se e permitir um pouco de caos "autorizado" no seu cotidiano. O álcool e a orgia. A abertura à experiência. A linguagem presente na mídia proporciona uma experiência coletiva de comunhão de códigos e preconceitos. Uma cena da novela do jornal nacional traduzem núcleos de significados e referências dentro de nosso universo. Ao deslocá-los de sua estrutura original, oferecemos uma percepção diversa de tais significados e referências. Linguagem usada e partilhada por muitos, a mídia, outro cimento social, codifica a experiência cotidiana e estabelece uma consciência coletiva. Flashes de imagens e sons, este happening recompõe a dinâmica da repetição de códigos presente nesse estágio tecnológico da comunicação. Uma abstração visual e sonora da linguagem que determina o que pensar, sentir e agir. FORA DO AR é a celebração, o acontecimento. É o instante e pronto. Tudo ao mesmo tempo agora, na mesma noite. Todos juntos. Quanto mais separados fisicamente e ligados pelos meios de comunicação, mais o desejo da festa. Desconectar-se e reconectar-se em outras realidades, experiências. Essa multiplicidade de sensações dentro de uma experiência coletiva que só presença física permite.
Fabio Itapura e Gisela Domschke