Ficha técnica complementar

produção - Galpão Produções 

Texto de imprensa Ana Laura Nahas, 19/09/2001

Trip está na competição do principal evento de arte eletrônica do país

Capixaba participa do Videobrasil

Pelo menos duas coincidências cercam o videoarte Trip, único capixaba na mostra competitiva do Festival Internacional de Arte Eletrônica, o mais importante do gênero no país, que começa hoje, em São Paulo. De um lado, há a homenagem que o trabalho do artista plástico capixaba Orlando da Rosa Farya e do videomaker gaúcho Wagner Wasconcelos faz ao artista visual Gary Hill, um dos maiores nomes da videoinstalação mundial, que estará presente no evento. Do outro, há a própria linguagem escolhida por eles, mistura de artes plásticas com vídeo que, nos últimos anos, retornou ao cenário mundial, depois de ocupar boa parte da arte visual brasileira produzida na década de 60. Trip será exibido no sábado. Enquanto isso, seus criadores aproveitam para ver as modas e fazer contatos com os participantes do Videobrasil, que termina no dia 23. Daqui, o público pode conferir trechos dos concorrentes e outras informações pelo site oficial do evento (www.videobrasil.org.br). O vídeo, passeia pelo universo das artes plásticas. Há referências a Picasso, Monalisa, Andy Warhol, Carmela Gross, Joseph Beuys, Leonardo da Vinci e Marcel Duchamp. "São artistas que me interessam particularmente” explica Lando, 44, professor de desenho e pintura do Centro de Artes da Ufes. As cenas são freneticamente sobrepostas às imagens do artistas francês Pierrick Sorrin, "o personagem virtual" escolhido por Lando para mostrar sua "quase" história, o artista-tirado de uma instalação dele mesmo, com imagens captadas na exposição Dia de Festa, que o próprio Sorri realizou, em Paris. Trip tem apenas dois minutos e cinquenta de duração, mas, para ser realizado, consumiu um mês de edição, além dos cinco anos de pesquisas e captação de imagens, realizadas nas viagens de Lando por Nova York, Londres, Paris, Berlim, Praga e São Paulo. "São pólos de referência das artes plásticas mundiais, locais em que se discute arte contemporânea e também se discute a relação arte-cidade", justifica. O video, explicam os autores, não tem roteiro. São apenas imagens, ritmo e formas de mostrar o papel que a arte assume nesses grandes centros. "Foi um processo totalmente criativo, deixamos o próprio fluxo das imagens induzirem a montagem, há uma relação poética entre a arte e o vídeo, neste caso", diz Wagner W, que adotou o pseudônimo em homenagem ao cineasta Wim Wenders, grande entusiasta da linguagem digital atualmente. Trip, gravado em VHS-C (formato de video compacto) e editado em Super VHS, é o terceiro trabalho realizado em parceria entre os dois, que, em breve, iniciam a captação de imagens para um vídeo digital baseado num livro de contos da escritora capixaba Virgínia Tamanini.

NAHAS, Ana Laura. "Capixaba participa do Videobrasil". A Gazeta. Vitória, 19 de setembro de 2001. Caderno Dois, p. 5.