Alexandre da Cunha coleciona, aproxima e perverte objetos de consumo doméstico em plena vida útil ou já marcados pelo uso – ou desuso – para criar seus relevos, objetos, esculturas e instalações. Peças retiradas de seus lugares de origem e suas funções de costume, e fragmentos deslocados de sua posição num sistema ou máquina ganham novas leituras nas configurações que o artista propõe.

Shapes de skates se assemelham a pás de ventiladores de teto, e a borracha ganha ares de barro; não em função de uma transformação sofrida pelo objeto, mas pela ativação das referências do observador. Da Cunha trata os materiais e objetos – procurados e encontrados – com gestos simples e diretos. Propõe, desse modo, reposicionamentos e junçõesque os fazem assumir formas novas, sem esconder as partes que as constroem, sua origemdoméstica e seu uso conhecido.

Os objetos cotidianos, assim deslocados e reposicionados, mantêm sua relação com a chamada baixa cultura, mas acionam, também, referências às esculturas clássica e moderna. Confiando na disseminação da informação sobre esses períodos e práticas, bem como no repertório visual do observador, as obras afirmam-se nessa existência ambígua e propiciam um novo olhar com relação a todos os objetos que nos cercam, dos quais nos servimos quase sem ver e que descartamos diariamente.

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