Biografia comentada Eduardo de Jesus, 10/2004

A produção de vídeos de Gustavo Galuppo (1971, Rosario, Argentina) começou em 1998, com a produção de El diablo vino a Tucson, que participou do 12º Festival Internacional de Arte Eletrônica Videobrasil, também em 1998. Neste seu primeiro trabalho já se desenhava em linhas tênues o estilo de vídeo que marcaria a produção de Galuppo. Imagens em preto-e-branco, recortadas, insistentemente editadas e desfiguradas pelas manipulações de toda ordem são usadas pelo artista na pós-produção. O vídeo foi premiado como melhor vídeo experimental no Festival de Vídeo Alternativo La Tribu, em Buenos Aires.

No ano seguinte Galuppo investiu na produção de documentários como Los perros de la lluvia e Juan, que foram premiados como melhor vídeo documentário em Córdoba, pelo Córdoba Audiovisual, e melhor vídeo local pelo Festival Latinoamericano de Vídeo de Rosario, na Argentina, respectivamente. Apesar de a obra de Galuppo guardar, em certa medida, traços documentais, esses são os dois únicos trabalhos do artista voltados especificamente para esse gênero.

Ainda no mesmo ano o artista realizou Mala noche e Teoría de los líquidos. O segundo trabalho abre espaço para esse tipo de vídeo que se estrutura em torno de uma teoria ou de um certo campo do conhecimento. Na verdade, uma interessante estratégia do realizador para produzir trabalhos voltados para uma abordagem mais reflexiva da imagem em movimento, quase uma espécie de ensaio, que de forma bastante aberta e polissêmica mostra os aspectos dessas teorias. Com Teoría de los líquidos Galuppo recebe menção especial no Festival Latinoamericano de Vídeo de Rosario, e de melhor vídeo experimental no Certamen de Cine y Vídeo de Santa Fé, ambos na Argentina.

Em 2000, mais uma vez usando essa metáfora das teorias, produziu Teoría de la deriva, um emblemático trabalho construído com belíssimas imagens fluidas e quase disformes que vão nos mostrando qual a idéia de deriva o autor busca explicar. Longe de definir de forma fechada os conceitos que formam essa teoria, o que vemos no vídeo é uma profusão de sentidos marcados pela narrativa fragmentada e fluida. Este vídeo foi premiado com o Silver Award no JVC-Tokyo Video Festival, no Japão, e como melhor vídeo experimental no IX Certamen de Cine y Vídeo de Santa Fé, na Argentina. O vídeo também foi exibido na cerimônia de abertura do Museu Tsushimamaru (Tóquio, Japão), em lembrança à tragédia ocorrida durante a Segunda Guerra Mundial.

No ano seguinte, ao realizar a primeira parte do vídeo La disección de una mujer ahogada, Galuppo conheceu Carolina Piva e Fernando Romero, com os quais formou o grupo Vera Baxter. Desde então desenvolve as trilhas sonoras dos vídeos e posteriormente realizou apresentações que, além da música, contam com projeções de vídeos. Este vídeo marca também o começo das produções de longa duração. Neste mesmo ano Galuppo realiza La persistencia de la oscuridad (teoría de los elementos ígneos), mais um trabalho com caráter ensaístico, premiado como melhor vídeo experimental no Certamen de Cine y Vídeo de Santa Fé. Este trabalho foi amplamente exibido em festivais e mostras internacionais.

Baseado em textos de William Burroughs, Galuppo realizou em 2002 El ticket que explotó, uma espécie de ficção científica que dialoga com alguns dos acontecimentos políticos da Argentina daquele momento e que abre para uma reflexão mais profunda sobre o totalitarismo. O vídeo foi exibido em mostras e festivais como o Videospace, mostra de vídeo sobre a guerra econômica, em Los Angeles, e o 14º Festival Internacional de Arte Eletrônica, em São Paulo, e foi premiado com o Video Communication Award no JVC-Tokyo Video Festival (Japão), melhor vídeo experimental no Festival Latinoamericano de Vídeo de Rosario (Argentina), e melhor vídeo experimental no Certamen de Cine y Vídeo de Santa Fé (Argentina).

Em 2003 foi lançado pelo selo independente Astas Romas (http://www.astasromas.com/astasromas.com/discos/verabaxter.htm incluir esse link em astas romas) o primeiro CD da banda Vera Baxter, com a trilha sonora do vídeo La disección de una mujer ahogada.

Em 2004 Gustavo realizou seu segundo trabalho de longa duração, Días enteros bajo las piedras, e também La progresión de las catástrofes, uma meticulosa colagem de fragmentos de filmes e de registros familiares domésticos que tratam da impossibilidade de representar o amor.