Ensaio Edvaldo Souza Couto, 05/2009

Danillo Barata: as fronteiras tecnológicas do corpo-imagem

Não é exagero dizer que as inovações tecnológicas já não se encontram predominantemente nos laboratórios. Cada vez mais elas fazem parte do cotidiano e estão nos corpos de milhares de pessoas que acompanham as ondas da biotecnologia nestes tempos de cibercultura. Entre os muitos encantamentos e perplexidades da vida atual, inscritos na dissolução progressiva das múltiplas fronteiras tecnológicas que envolvem o corpo e as imagens do corpo, Danillo Barata é um artista das conectividades dos sistemas biológicos e artificiais, da sensorialidade e outros modos de subjetivação diante das estreitas interfaces criativas e técnicas entre o corpo, a mente e o mundo digital.

É um artista promotor de fecundos diálogos em meio às inusitadas e fascinantes encruzilhadas contemporâneas que recriam novos imaginários corporais. A percepção do corpo-imagem pelo artista ocorre de modo paradoxal, pois o corpo é, ao mesmo tempo, o sujeito e o objeto de suas representações. E nada mais além delas; afinal, o corpo não existe fora das representações que dele fazemos. Tal percepção expressa a estética ininterrupta da construção e da desconstrução metamórficas das corporalidades sideralizadas. Esta análise pode ser observada nas videoinstalações e nos vídeos selecionados para este Ensaio.

VIDEOINSTALAÇÕES

Passarela

Para o homem ocidental, o corpo se tornou o lugar de sua identidade e seu modo de ser. Nossa época se rende aos diversos cultos que celebram e festejam a corporalidade. Das práticas esportivas ao uso proliferado do silicone e às cirurgias plásticas, muitas técnicas e terapias servem para hipervalorizar e pavonear o corpo nas ruas, praias, clubes, páginas de revistas, programas televisivos, filmes publicitários, imagens diversas na internet, nas passarelas, nas galerias de arte. A todo instante somos convidados a administrar a própria aparência, a superar e redesenhar formas físicas. Tornou-se imperativo ter um organismo camaleônico, sujeito ininterruptamente às transformações. As imagens promocionais do corpo mutante, em toda parte, evocam os muitos modos pelos quais esse objeto pode ser manipulado e agenciado, em nome de uma perfeição sempre distante e, talvez por isso mesmo, cada vez mais desejada. Esse universo fashion, de aparências sedutoras, exalta uma estética decorpos de passagem, convertidos em modelos a ser perseguidos. Mas nem tudo é fascinantediante da possibilidade real de se construir e modificar a aparência, e ter o corpo quese planeja e programa. A obsessão pelo perfeito também é alimentada por uma contínuainsatisfação com os seus resultados provisoriamente obtidos e desde já superados. Talvez essa insatisfação revele uma outra estética, a da obsolescência, a de corpos que jamais conseguem a atualização suficiente e, por isso, estão sempre à margem das clássicas passarelas. São corpos interditados.

Em Passarela, Danillo Barata denuncia esse vazio. O artista constrói esse trabalho utilizando seis macas, em cima das quais estão diversos televisores, exibindo vídeos com desfiles de moda, onde corpos supostamente perfeitos ocupam as passarelas e se impõem às pessoas. Curiosamente, também nesses vídeos,outras passarelas, longe de qualquer glamour, expõem a evidência de um cotidiao onde tantos corpos desfilam suas interdições, mutilações, imperfeições várias. Essas anatomias depreciadas, esse corpos marginalizados, escamoteados, traduzem outras facetas da corporalidade. Para o artista, as macas representam o lugar de ajuste, onde as pessoas se mutilam e passam por processos de transformação para realizar as exigências dasprimeiras imagens, aquelas das representações corporais dominantes. Um hospital, um centro cirúrgico, uma enfermaria. Esses lugares são emblemas dos desconfortos vividos por aqueles que perseguem um tipo ideal, mas têm que conviver com seus corpos carentes de novas intervenções e atualizações.

Com sua obra, Danillo Barata diz que os modelos corporais convivem com seus contramodelos. As fronteiras entre definições e representações autorizadas do corpo e as definições e representações consideradas escandalosas são tênues. Talvez, todas elas ocupem uma mesma passarela onde desfilamos nossos corpos marcados pelas interdições e incompletudes. O corpo como inscrição de acontecimentos Em toda parte, multiplicam-se os discursos e as técnicas para a liberação do corpo de antigos vínculos religiosos, filosóficos, geográficos, temporais, morais, pedagógicos. Nas últimas décadas, por intermédio do projeto genoma, a tentativa científica é tornar o corpo de cada pessoa livre do patrimônio cultural e genético. Tornou-se urgente eliminar toda e qualquer insatisfação física e mental, acabar com uma real ou suposta imperfeição, corrigir cada detalhe, construir a forma considerada mais adequada, prevenir uma embrionária possibilidade de doença, alterar características que nos desagradam, manter o vigor da juventude, exibir a aparência mais saudável, festejar a beleza conquistada com a ajuda dos avanços tecnológicos e científicos: regimes, terapias,cosméticos, cirurgias, próteses, manipulação genética. Em meio a tantos recursos para a remodelagem só é feio, fora de forma, flácido, enrugado e envelhecido quem quer, quem não se ama, não se cuida, não se pavoneia.

O culto ao corpo se tornou um estilo de vida. A promessa fascinante de um ganho suplementar de saúde, juventude e beleza conquistouum espaço inédito nos meios científicos e artísticos, na mídia, em todas as esferas do nosso cotidiano. Esse corpo inacabado, considerado como um objeto sempre disponível para reformas, deve aumentar os seus níveis performáticos. Para vencer os perigos crescentes de tornar-se obsoleto, o corpo deve ser continuadamente turbinado para acompanhar a sofisticação das máquinas e atender às novas demandas de prazer e liberdade próprias daatualidade. Mas a obsessão pelo corpo considerado perfeito, a forma esguia e lisa, inevitavelmente convive cada vez mais com as sobras tidas como inadequadas e depreciadas. Nossa época valoriza o esbelto, mas a população é cada vez mais obesa. Celebra a juventude, mas nossos corpos são cada vez mais flácidos e enrugados, muitas vezes, precocemente. Festeja a saúde, mas os fantasmas das doenças nos cercam. A vida agitada, o estressecontínuo das grandes cidades parecem estar sempre a esgotar o vigor das pessoas.

A instalação O corpo como inscrição de acontecimentos revela esse paradoxo. Quando muitos desejam eliminar as marcas do tempo e das vivências, o artista nos diz que é no corpo que os acontecimentos são inscritos. A alimentação desregrada está nas gorduras acumuladas, a força dos anos está na moleza da carne, as experiências estão nas insistentes rugas que tanto nos atormentam. O som utilizado é o de coisas sendo arrastadas, de corpos sendo arrumados. As imagens exibem corpos gordos e magros, jovens e não tão jovens, em gestos que traduzem esforços de respiração e manutenção do físico. Mostrados inicialmente de frente, logo os corpos se movimentam, nos viram as costas. Com as cabeças abaixadas, cada modelo está voltado para si mesmo. Para o artista, podemos disfarçar as inscrições dos acontecimentos na superfície da pele. Mas, por trás do aparente, dentro de nós, estão todas as marcas, sofrimentos e alegrias perdidos, imperfeições e incompletudes que traduzem o que somos.

Corpos interditados

Beleza, vigor, juventude. Em torno desses vetores são elaborados os discursos e os modelos do corpo considerado perfeito. Para atingir os padrões de perfeição, cada vez mais o corpo vital se alimenta com técnicas estimulantes capazes de construir e acentuar os traços tidos como graciosos, a resistência e a aparência sempre jovem e saudável. De diversas maneiras, é necessário acelerar o organismo, extrair dele mais movimento e prazer. É preciso testá-lo, perseguir o máximo de rendimento, superar obstáculos, romper limites, bater recordes. A lógica da excitação técnica diz que o organismo equipado, reconfigurado ininterruptamente, tornou-se modelo de corpo válido e eficiente. Em contrapartida, a noção de deficiência mudou. Não só os portadores de anomalias, defeitos físicos aparentes, descarnados, esfolados, esqueléticos, obesos mórbidos etc. passam a ser considerados grosseiramente obscenos. Na escalada da obscenidade estão todos aqueles que não têm o corpo suficientemente equipado, esculpido e preservado pelas próteses e demais tecnologias protetoras e promotoras de novos reflexos e estímulos físicos e mentais. Em outras palavras, qualquer corpo tido como “normal”, apontado como belo, forte e jovem, mas que estiver fora dessa obsessão pela transformação veloz, desvinculado da estimulação perpétua, passa a ser considerado obsoleto, ultrapassado, feio, velho, deficiente e, por consequência, culturalmente depreciado.

Sem modificar cotidianamente a arquitetura do corpo, seja pela adição de próteses superficiais, seja pela intrusão intraorgânica destas no seio de nossos órgãos, já não temos como reajustar a nossa consciência do mundo. Já não temos como glorificar a nós mesmos. Equipar o corpo, construir a eficiência. Esse é o nosso paradoxo. A perfeição parece logo ali, conquistável. Mas que ninguém se engane. Quanto mais o corpo é trabalhado cirurgicamente, quanto mais ele é equipado com próteses e produtos que visam à elaboração sucessiva de novos designs, mais distante permanece do ideal de perfeição. As pessoas ficam mais insatisfeitas, sofrem. A todo instante as formas elaboradas são ultrapassadas, os modelos são envelhecidos e postos fora de circulação. Isto significa que de alguma maneira todos nós, perseguidores obsessivos da máxima eficiência, independentemente do nível de elaboração corporal, nos tornamos inválidos, deficientes, portadores de corpos interditados, carregando o fardo de umaestrutura física progressivamente depreciada.

Os equipamentos de última geração de hoje são as esquisitices técnicas de amanhã logo cedo. Do mesmo modo, as formas físicas conquistadas, com esforço, trabalho e grande investimento financeiro e emocional, são imediatamente vencidas e abandonadas. A todo instante é imperativo partir para novas conquistas. Essa urgência faz crer que, de fato, não há um modelo de perfeição, mas uma ilusão do perfeito. Belo, vigoroso e jovem, eficiente e apreciado não é o corpo que adquiriudeterminadas formas, que se adaptou a certos padrões. Belo, vigoroso e jovem, eficientee apreciado é o corpo que não cessa de ser atualizado, independentemente da forma provisória que ele adquire e da qual já pretende se livrar. Em Corpos interditados,é essa a condição e o destino do corpo em cena. Várias telas exibem imagens de diversoscorpos, masculinos e femininos, jovens e não tão jovens, negros, morenos, brancos. A técnica de exibição dos corpos é a antropometria, “lado, frente, verso”, comumente utilizada pela polícia. Cada sujeito, com sua leveza e graça, movimenta-se, perseguindo essesângulos. Aparentemente as imagens projetadas na tela não têm nada de grotesco, nenhuma forma física é marcada por qualquer anormalidade.

Os corpos mostrados pelo artista podem ser todos considerados “normais”, desses comumente oferecidos em toda parte pelo mercado humano. Mas, na atualidade, é justamente nessa suposta “normalidade” que está a perversão, o esquisito, o feio, o desprezível, o que não deve ser apreciado e cultuado. Esses corpos não representam visivelmente a dinâmica da mutabilidade física e mental proporcionada pelas tecnologias que revolucionam a arquitetura do corpo na cibercultura. Porém, nem tudo está perdido, é sempre possível eliminar parte das deficiências, construir formas mais valorizadas, apreciadas. Nesta obra, não é por acaso que, enquanto os corpos exibem as suas obsolescências anatômicas, podemos ouvir o barulho de carnes e ossossendo cortados, manipulados, enxertados, colados, costurados. É essa a música supostamente capaz de mobilizar e inserir as pessoas no culto ao cibercorpo, a que embala e faz dançar os corpos siliconados, protéticos, lipoaspirados.

VÍDEOS

Soco na imagem

De certo modo, por muito tempo, a idealização da beleza corporal correspondeu à representação do corpo imóvel, na escultura, pintura e mesmo fotografia. A ideia era de que a apreensão estética do corpo em repouso podia ser mais intensa que em movimento. Entretanto, os estudos sobre os movimentos de um corpo que anda ou corre surpreendem ao revelá-lo na sucessão de figuras. Com elas, mais que nunca, é preciso exercitar o olhar para perceber os detalhes dos membros, do tronco, do rosto, no instante mesmo dos deslocamentos. A fragmentação é a cena. É o próprio corpo. A percepção estética do corpo em movimento pressupõe que o olhar seja capaz de se unir ao ritmo da imagem, onde as ambiguidades dos deslocamentos constituem as próprias representações. Em Soco na imagem é o próprio corpo de Danillo Barata que briga, soca e acaricia sua imagem no espelho. Agora, o corpo é a própria imagem refletida na superfície de um espelho ou de uma tela, envolto em imaginários digitais. É o movimento manipulado pela câmera que o deixa lento ou mais acelerado, nítido ou cheio de sombras, visível ou invisível, que se autoafeta e se autorretrata.

A imagem não é mais uma mera cópia do objeto dito real. Ela expressa o rompimento e a apropriação simultânea do corpo que só existe como imagem. Não por acaso a técnica usada é o looping, que permite ao artista sair e retornar para a frente da câmera, num embate que não tem fim. Esse diálogo travado com e contra a câmera é na verdade uma luta consigo mesmo. Muitas vezescontra as tiranias do espelho que soca no sujeito seu corpo incompleto, em descompasso com as formas físicas celebradas nas mídias e atualizadas nas imagens modelos que nos cercam. É como se, ao socar a imagem, ao socar a si próprio, o sujeito pudesse ver e tomar consciência das suas fraquezas e agonias, que entram e saem de cena, se fazem presentes e ausentes nas superfícies refletoras do corpo-imagem. Soco na imagem também pode ser visto como uma alegoria do desconforto promovido pelo imenso fluxo de imagens ao qual somos submetidos diariamente. Por isso o performer mantém a guarda e não cessa de deferir golpes na própria imagem. Mas também pode ser no sujeito fruidor, naquele que o observa. A mesma tensão entre o corpo e a imagem, o repouso e o movimento, o modelo físico valorizado ou depreciado, está presente entre o agente fruidor, o artista e a obra. Capitália Inspirado na Divina comédia, de Dante Alighieri, e nos pecados capitais tematizados pelo escritor italiano, o vídeo olha para a vida noturna do centro de Salvador e de seus múltiplos e assombrados personagens. Pode ser visto como uma representação da cidade abandonada, marcada pela ruína de si e de seus habitantes. Se tudo é tomado pela profunda escuridão da noite, é para ressaltar o estado de pesadelo no qual a vida urbana tensionada e complexa arrebata corpos passantes que vagam por aí. De um lado, os carros avançam pelas avenidas com destinos aparentemente incertos e desaparecem nas curvas distantes, no breu da noite preta.De outro, os personagens, com seus pecados e virtudes noturnos, cambaleiam como sonâmbulos que seguem a esmo pelas calçadas esburacadas de lugares dilacerados, com urbanização caótica e natureza devastada.

É preciso levar em conta esse imponderável: a inscrição de objetos, pessoas e lugares no fluxo da dinâmica do urbano. Pois é aí, na experiênciado abismo, que cada um deve encontrar o seu pertencimento nesses territórios des/configurados por sistemas precários de transportes e comunicação. Para o artista, é no desordenamento da cidade grande, cercado de ameaças e prazeres fugazes, que as fronteiras sãosuspensas ou ultrapassadas. Antigas fronteiras sociais, políticas, econômicas, culturais e educacionais perdem sentido nesses lugares tomados pela desagregação. Velhas pontes, galpões em ruínas, pátios de carros usados, escadarias sujas e fedorentas por onde rolam as pessoas com todas as suas misérias integram a paisagem Capitália. Vícios e virtudes são condenados pela pressa e pelo desmoronamento das sensações. Entre a doçura que fascina e o prazer que atormenta e mata, as promessas de esperança e de liberdade se esvaem e também se renovam.

É nesse giro sem-fim dos lugares e dos corpos abandonados às margens das rodovias, viadutos e calçadas que a Capitália recria as tramas da vida em permanentes deslocamentos e mutações. * * * A produção de Danillo Barata, tanto as instalações quanto os vídeos – que se completam – é tomada pela vertigem dos corpos-imagens desestruturantes da contemporaneidade. São múltiplas, inquietantes e fecundas as suas abordagens. É nessa complexidade que se inscreve a poética do artista, ávido e crítico desse mundo mágico gerado e alimentado pelas ilusões óticas, que questiona e investe nas subjetividades progressivamente assinaladas pela dissolução e renovação das fronteiras entre o orgânico e o inorgânico, entre o corpo e as imagens. No contexto das redes eletrônicas, a base da criação artística é a metamorfose; os apelos sinestésicos do corpo são refeitos pelas múltiplas conexões de sentidos e possibilidades.

Na cibercultura, os nossos processos cognitivos se desenvolvem cada vez mais em parceriacom os sistemas eletrônicos e digitais. O corpo tecnologizado se insere em novas fronteirais digitais, continuamente dissolvidas e renovadas. Nessas interfaces, Danillo Barata encontra as bases poéticas para o seu trabalho. Professor na Universidade Federalda Bahia, Edvaldo Couto é autor de O homem-satélite. Estética e mutações do corpo na sociedade tecnológica (Unijui, 2000) e organizador da coletânea Walter Benjamin: formas de percepção estética na modernidade (Quartet, 2008). Formado em filosofia pela Universidade Estadual de Santa Cruz (BA), é mestre nessa disciplina pela PUC-SP e doutor em educação pela Unicamp. Estética, corpo, comunicação e tecnologias são alguns de seus principais temas de estudo.

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A produção de Danillo Barata, tanto as instalações quanto os vídeos – que se completam – é tomada pela vertigem dos corpos-imagens desestruturantes da contemporaneidade. São múltiplas, inquietantes e fecundas as suas abordagens. É nessa complexidade que se inscreve a poética do artista, ávido e crítico desse mundo mágico gerado e alimentado pelas ilusões óticas, que questiona e investe nas subjetividades progressivamente assinaladas pela dissolução e renovação das fronteiras entre o orgânico e o inorgânico, entre o corpo e as imagens. 

No contexto das redes eletrônicas, a base da criação artística é a metamorfose; os apelos sinestésicos do corpo são refeitos pelas múltiplas conexões de sentidos e possibilidades. Na cibercultura, os nossos processos cognitivos se desenvolvem cada vez mais em parceria com os sistemas eletrônicos e digitais. O corpo tecnologizado se insere em novas fronteirais digitais, continuamente dissolvidas e renovadas. Nessas interfaces, Danillo Barata encontra as bases poéticas para o seu trabalho.