OBRAS
Sacudimentos
(2015, videoinstalação em dois canais, 8’36”)
O artista oficia um rito coreografado de limpeza espiritual e expulsão de fantasmas históricos ao varrer, com feixes de plantas sagradas, dois marcos da escravidão no Brasil e na África: a Casa da Torre, na Bahia, e a Casa dos Escravos, na Ilha de Goré, Senegal.
A floresta em transe
(2018, vídeo, 5’48”)
A câmera perscruta a intimidade de uma mata, detendo-se em cenas que evocam força e êxtase, enquanto Marcello Moreira, companheiro do artista no Candomblé, introduz princípios da religião e descreve sua experiência do transe místico no qual a divindade se manifesta.
Ogum
(2018, videoinstalação em dois canais, 4’47”)
O orixá da metalurgia e das estradas de ferro, que dá título à obra, é evocado em duas sequências de imagens justapostas: a velha ponte férrea que atravessa o rio Paraguaçu, ligando Cachoeira e São Félix, no Recôncavo Baiano; e a prática ancestral da forja.
Baía de Todas as Santas
(2017, vídeo, 6’26”)
Deambulando pelas ruas de Salvador à noite, o vídeo dialoga com Explosão, relato experimental escrito pelo etnólogo e poeta alemão Hubert Fichte a partir de um mergulho, nos anos 1970, no universo das religiões africanas e no submundo homossexual da cidade.
História do futuro – Baobá: o capítulo da agromancia
(2015, vídeo, 2’43”)
Parte de uma série filmada no Senegal, em diálogo com História do futuro, elogio ao império português escrito pelo padre jesuíta Antônio Vieira no século 17, a obra evoca a arte divinatória do título em um campo povoado por enormes baobás e rinocerontes invisíveis.
Batendo amalá
(2013, videoinstalação em dois canais, 6’10”)
Performance e instalação derivam do ritual de preparo do ajebó, comida consagrada e oferecida a Xangô. O artista explora a dança e a percussão que nascem do ato de bater com as mãos a mistura de quiabo, mel, dendê e água de laranjeira enquanto se evoca o orixá.
Funfun
(2012, videoinstalação em dois canais, 4’08”)
Um réquiem para Estelita de Souza Santana, juíza perpétua da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, em Cachoeira (BA), morta aos 105 anos, a obra evoca o mito que identifica sacerdotisas negras com garças brancas, entre outras simbologias do funfun (branco, em iorubá).
Buruburu
(2010, videoinstalação em dois canais, 2’25”)
Buruburu em dialeto afro-brasileiro, a pipoca é consagrada a Obaluaê, orixá da doença e da cura. A obra alude ao uso ritual da pipoca como elemento purificador no Candomblé, exaltando sua plasticidade e a energia que impele cada grão de milho a explodir.
As mãos do epô
(2007, vídeo, 11’11”)
Um bailado de mãos apresenta a simbologia associada aos principais orixás do panteão do Candomblé. Uma massa de azeite de dendê serve de fundo: o elemento ancestral é recorrente na obra do artista e onipresente na cultura gastronômica e nos rituais de matriz africana.
Barrueco
(2004, vídeo, 4’34”)
O mar é sagrado nas tradições e religiões africanas e diaspóricas. Na escravidão, o oceano tornou-se um símbolo de horror e separação para milhões de pessoas. Manobrando elementos simbólicos diversos, a obra fala da opressão dos corpos nesse trânsito.