Associação Cultural Videobrasil

Cinema, rádio e TV constituíram, neste século, as três línguas novas do homem. Não por acaso, a concentração de rendas, aliada ao desenvolvimento tecnológico, se utilizou dessas línguas para criar o sonho alternativo das utopias que pensavam socializar os meios de produção e os frutos do progresso, a partir do começo do século. Neste final, já às vésperas de Aquarius, assistimos ao fenômeno da concentração de informações que poderá ou não fazer do conhecimento um bem de todos.

Hoje a tecnologia nos oferece duas novas línguas capazes de mudar os rumos do destino humano: o vídeo e a informática. Fiquemos com a primeira delas: o vídeo. O VIDEOBRASIL, que se realiza este ano pela quarta vez, pretende se construir num grande estímulo a essa nova alfabetização que é técnica e é artística, mas, acima de tudo, é política.

O vídeo veio para ficar, mas que fique como instrumento da sociedade para a democratização dos conhecimentos e da criatividade. Por isso, vamos premiar os criadores, financiar com estímulo e recursos dez novas produções, debater as questões, mostrar as produções do período e continuar lutando pela Antena Livre, para que a emissão dos produtos televisivos se faça na geografia mesmo da audiência.

O MIS está reformado no prédio e nas propostas. O vídeo, além de festa anual, terá uma sala de exibição permanente, à disposição dos criadores. Esperamos assim que essa outra língua seja um grande instrumento da transformação da sociedade. 

O IV VIDEOBRASIL assinala a retomada das atividades do MIS. Passamos o último ano e meio aprofundando as modificações inadiáveis que a instituição exigia. Corrigimos problemas do prédio eliminando goteiras, reformando a perigosa rede elétrica, transformando o auditório num espaço voltado para projeções de cinema, vídeo e audiovisuais, capacitando-o também para a apresentação e registro de música ao vivo, criando um arquivo climatizado (uma autêntica UTI para a memória audiovisual), implantando a sala de vídeo, revendo os critérios de documentação, enfim, redefinindo o perfil da instituição.

Este é um início. Muito resta a ser feito, como por exemplo, terminar a reforma do laboratório fotográfico, informatizar o sistema de documentação do Museu, equipar os laboratórios de imagem e som, abrir (por que não?) um bar que ofereça condições para uma maior permanência e maior conforto do usuário, preparar o MIS para o futuro dotando-o de recursos para a aquisição de acervo e contratação de pesquisadores qualificados. Isto para não falar de utopias.

Ao assumirmos o MIS, além das atividades rotineiras, recebemos muitas goteiras, uma exposição de Ikebana e nada mais. Hoje entregamos aos usuários uma instituição no caminho da renovação. O IV VIDEOBRASIL é o símbolo desta transformação.

Aqui fica a esperança de que no ano que vem o V VIDEOBRASIL continue crescendo e o MIS continue mudando, na direção das suas utopias.

Catálogo IV Festival Videobrasil

O IV VIDEOBRASIL promete repetir o sucesso dos três primeiros. Será um acontecimento capaz de valorizar a inauguração do novo auditório do MIS, lugar ideal para a sua realização. O primeiro sinal desse sucesso foi a inscrição de mais de duzentos trabalhos em VHS e U-Matic, número recorde de participação.

Nós idealizamos este Festival de Vídeo para substituir os festivais de cinema Super 8 que patrocinamos e produzimos durante dez anos. Esta bitola de cinema criada para o registro da memória de família acabou por se transformar num importante meio de expressão da juventude na década de 70.

Apenas na sua quarta edição, o Festival VIDEOBRASIL já é o mais importante veículo da produção independente em vídeo no Brasil. Muitos produtores, a partir de suas apresentações nesse Festival, já se profissionalizaram e encontraram espaço até mesmo na TV comercial. O número de realizadores e de interessados pelo vídeo independente vem aumentando significativamente a cada ano e em breve eles conseguirão um canal especial em UHF para veicular seus trabalhos.

A Fotoptica sente-se totalmente recompensada pelo apoio que vem dando há muitas décadas às atividades culturais, em particular às desenvolvidas pelos jovens. Há anos viemos aplicando considerável parte de nossos resultados ao estímulo à fotografia, ao cinema e ao vídeo e nos aliamos à euforia do meio artístico e cultural ao ver finalmente sancionada pelo Presidente Sarney a lei de incentivo à cultura.

Autorizando a deduzir do imposto de renda despesas feitas para apoiar atividades culturais, evidentemente dentro de certos limites, esta lei fará com que muitas empresas passem a aplicar verbas significativas em arte e cultura. O vídeo certamente oferece atrativos especiais a seus novos patrocinadores, uma vez que é um moderno e atraente suporte de criação de imagem.

Vamos criar eventos, projetar trabalhos, buscar novos caminhos, atrair a multidão de jovens brasileiros sequiosos por criar e chamar novos patrocinadores que a nova lei deverá gerar. Porque vídeo é arte. Porque vídeo é cultura.

Catálogo IV Festival Videobrasil

Uma das perguntas mais frequentes que tenho ouvido desde que assumi a presidência da TV Cultura é se haverá ou não espaço na emissora para novos profissionais de televisão e produtores independentes.

Mais do que uma mera resposta, esta pergunta gera uma afirmação mais ampla, um postulado: a própria TV Cultura precisa ser uma produtora independente, na mais real acepção dessas palavras.

Independente não é apenas ser capaz de garantir sua sobrevivência, mas a liberdade de ter um padrão televisivo próprio.

Independente é ser autêntico, é ter identidade, é ter uma ‘imagem’, clara e definida.

Pretendemos oferecer ao público uma nova opção, uma televisão verdadeiramente alternativa.

Esta é a linha que norteia nosso apoio cultural ao IV VIDEOBRASIL.

Estaremos cumprindo nossa missão enquanto TV cultural, educativa, abrindo para o grande público a divulgação desse importante evento.

E o espaço para novos profissionais será tão somente o corolário da tarefa a que nos propomos com grande entusiasmo.

Catálogo IV Festival Videobrasil