Abordando a conturbada história política da Argélia no século 20, a obra se constrói a partir da manipulação e do confronto de imagens de procedências distintas: de arquivo, da época da produção do vídeo e ficcionais. O discurso imagético, pontuado por ditos populares argelinos que encadeiam com velocidade seus vários fragmentos, explora o fato de as sucessivas tentativas de modernização, concomitantes à luta por independência do país em relação à França, terem se apresentado sob diferentes formas de violência. Tornaram-se, assim, frustrados os esforços dos movimentos políticos argelinos, geralmente nacionalistas, de superação da condição de “outro” da civilização francesa, figura de poder por excelência da dominação do Ocidente em relação ao povo argelino. Interroga também como a imposição deste lugar de alteridade pela metrópole colonizadora foi por ela flexionada com outras insígnias de caráter negativo, como as do Inimigo, da Ameaça ou do Mal. Assim, o nacionalismo argelino e o olhar colonizador são vistos como duas faces da mesma moeda, revelando a luta argelina por independência como um jogo perdido desde o início, cujas regras foram estabelecidas para sempre favorecerem o dominador.  A obra, como em outros trabalhos do artista, busca um fio condutor para as labirínticas relações entre Norte e Sul; Oriente e Ocidente; Modernidade e Tradição.