Em Deus come-se, imagens de detalhes de corpos humanos, de abate e corte de gado, de carne viva e insetos se mesclam em uma vertiginosa edição acompanhada de trilha experimental. Os sucessivos cortes decompõem o todo dos corpos apresentados, que em seu caráter fragmentário remetem a uma mesma matéria indiferenciada. A imagem e o som do vídeo metaforicamente comem, devoram e subvertem os corpos por meio do efeito trágico de purgação, ou de uma visão excessivamente próxima. O divino surge como este momento indiferente e sem qualidades da carne, como produto da decomposição imagética que institui um corpo dessemelhante e grotesco, híbrido de homem e animal.