Ficha técnica complementar
direção e videoarte - Walter Silveira
vídeos - tvgrama 2, pós-tudo
baixo elétrico, guitarra elétrica MIDI - Cid Campos
leitura de poemas - Augusto de Campos
cançãonoturnadabaleia - TV Cultura ("poetas de campos e espaços")
sos e poema bomba - Augusto e Cid Campos (Laboratório de Sistemas Integráveis da Escola Politécnica da USP)
citações - Limite (filme de Mario Peixoto) no barco bêbado; poema-cidade (filme de Chico Cesar e Tata Amaral) em cidade city cité; canti di capricorni (melodia de Giacinto Scelsi, voz: michiko hirayama) na música de cançãonoturnadabaleia; profilograma rimbaud wave (valloton/ hokusai) Augusto de Campos e Arnaldo Antunes
computação gráfica - ligia fingers/ tvgrama 1/ gafanhoto(richieri)
slides - Fernando Laslo
Texto de apresentação 1996
Poesia é risco
Recursos técnicos e criativos da eletrônica e do vídeo a serviço da poesia declamada
Novos meios para velhos hábitos
A conhecida inquietação do poeta concretista Augusto de Campos já o identifica como um criativo explorador dos limites da poesia e da palavra. Ao unir-se ao talento do videoartista Walter Silveira, autor da consagrada obra VT Preparado AC/JC, à criatividade e ousadia tecno-musical de seu filho Cid Campos, materializou-se um antigo projeto que conjuga poesia, música, computadores e recursos eletrônicos. Poesia é risco é uma obra inspirada na necessidade de resgatar a prática, comum nos anos 50 e ainda hoje na Europa, de poetas declamarem publicamente seus próprios versos. Definido pelos autores como "evento verbicovisual", trata-se de uma performance baseada no trabalho já editado com o mesmo título em CD, no qual os próprios autores executam uma inédita interação de leituras de poemas, música instrumental eletrônica, canto e imagens videográficas. Nas palavras dos autores, é uma "interpenetração poesia-música" ou "oralização" - ou seja, projeção sonora dos textos falados em "quase-canto", ou "cantofalado". O objetivo é explorar a potencialidade dramática da palavra e promover a reestruturação da poesia através de combinações de leitura, superposição e fragmentação de vócabulos, montagens de citações e recursos da tecnologia computadorizada, sintetizadores, samplers e múltiplos canais de gravação. Ou, como explicam os autores, " criar, através de interpretações originais e funcionais, com apoio nos recursos das novas tecnologias, uma íntima relação entre poesia/música/vídeo, recolocando em novas dimensões a leitura de poesia — a sua oralização — entre nós".
ASSOCIAÇÃO CULTURAL VIDEOBRASIL, "12º Videobrasil": de 22 de setembro de 1998 a 11 de outubro de 1998, p. 84, São Paulo, SP, 1998.