A curadora comenta a relação dos artistas com a tecnologia no 18º Festival. Segundo ela, a democratização dos meios tecnológicos aumentou a qualidade das obras, ao mesmo tempo em que promoveu sua disseminação. A circulação de informação proporcionou o refinamento das linguagens, e uma efetiva apropriação dos aparatos, de modo a fazer desaparecer o deslumbre que muitas vezes era motor de artistas participantes em edições anteriores. Apresenta sua visão de Sul geopolítico – que norteia a mostra competitiva Panoramas do Sul – como um lugar de transição, habitado por aqueles aos quais ainda não foi dada uma “voz potente e clara”. Discute a forma de inscrição de artistas no festival, dizendo-se a favor do open call, por colocar os curadores num terreno de instabilidade proveitoso, fora de zonas de conforto e livres de ilusões de juízos absolutos. Segundo ela, ele é mais coerente com a proposta do Festival, de uma crítica das hegemonias, ainda que a admissão de um centro – complementa – se torne cada vez mais questionável. Para ela, as obras participantes na mostra buscam furar o muro que aparta o mundo das artes do restante da sociedade. Relata a grata surpresa de encontrar cenas artísticas potentes em lugares como Camarões, e a nova geração libanesa. Apresenta, ainda, o desafio de transitar com propriedade entre diferentes meios e linguagens como aquele que precisa ser enfrentado pelos artistas atuais.