Uma gaiola, um tubo de TV nu, uma composição em tela de arame, um relógio parado e manchas de tinta. Uma situação em que o vídeo, transmissor de informações hipnóticas, foi preso e confinado numa gaiola, como um pássaro eletrônico, sem vida. Mesmo com a portinhola aberta, o tempo, guardião por excelência, mede e impede qualquer tentativa de fuga do pássaro semi-morto. O nosso “Uirapuru”, maior que a portinhola, não iria conseguir sair mesmo e, nesse cenário cinza, seu produto inerte se destaca, sujando a base da gaiola com sua fezes coloridas. Seu cérebro transparente e fechado em torno de si contenta-se em estar estático, apagado, desligado, sem a próxima atração. A atração é o momento presente. É o relógio parado. É o tempo desligado. É a pausa para a leitura. A proposta de várias leituras. Alegoria ou ficção? O lúdico. A crítica. A brincadeira, o jogo dos ícones. Decupagem semiótica de uma composição tridimensional estática. Um passar de olhos: cumplicidade ou indignação? É inversão das situações! É o pássaro fora da gaiola, observando o seu dono, este dentro da gaiola, que o alimenta com suas informações bombardeadas por seu canhão poderosíssimo, suas cores, sua linguagem, seu conteúdo. Um arsenal. E tudo isso limitado por uma “jaula”. É a proposta de Mauro Cícero, editor de arte, comunicador visual e videomaker.

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