Curadoria convidada |

Com pesquisa e curadoria do crítico Arlindo Machado, “Made in Brasil, Três Décadas do Vídeo Brasileiro” é a retrospectiva mais abrangente já realizada no país sobre o tema. Coordenada por Roberto Moreira e realizada pelo Núcleo de Cinema e Vídeo do Itaú Cultural, a mostra completa, que está sendo exibida especialmente nesta edição comemorativa de 20 anos do Videobrasil, reúne 50 obras de dezenas de artistas, agrupadas em programas temáticos abordando diferentes aspectos das três décadas da produção de vídeo no país. O projeto resulta, ainda, no livro “Made in Brasil – Três Décadas do Vídeo Brasileiro”, com referências ao contexto histórico da produção e aos seus protagonistas, análises das obras realizadas no período e ensaios de críticos e curadores que tiveram papel importante no fomento de um circuito de vídeo no país. Obsessões e procedimentos que atravessam a história do vídeo – corpo, política, hibridismo, a relação com a TV – sustentam os programas da mostra. Por trás deles é possível ler uma evolução que começa nas experiências dos chamados “pioneiros” (artistas plásticos da geração 1960-70 que manipulam os primeiros equipamentos caseiros de vídeo na busca por suportes mais dinâmicos, como Antonio Dias e Annabela Geiger), explode no trabalho da geração do vídeo independente, voltada para o documentário, a temática social e as possibilidades da TV como sistema expressivo (Olhar Eletrônico, TVDO), e desemboca, a partir dos anos 1990, em trabalhos autorais (Sandra Kogut, Eder Santos), centrados na investigação da linguagem eletrônica. Na introdução ao livro, Arlindo Machado escreve: “Curiosamente, comemoramos a maioridade do nosso vídeo num momento em que todo um discurso corrente parece decretar a morte desse meio, superado que teria sido pelas tecnologias digitais e pelas formas ‘virtuais’ de difusão nas redes telemáticas. Questão de ponto de vista. Mas, se considerarmos ‘vídeo’ a sincronização de imagem e som eletrônicos, sejam eles analógicos, sejam digitais, se entendermos imagem eletrônica como aquela constituída por unidades elementares discretas (linhas e pontos) que se sucedem em alta velocidade na tela, então podemos concluir que hoje quase tudo é vídeo e, longe de estar moribunda, essa mídia acabou por ocupar um lugar hegemônico entre os meios expressivos de nosso tempo. O que é o ‘cinema digital’ senão uma forma de vídeo? O que são os formatos digitais de animação na net senão formas de vídeo? A computação gráfica, o videogame, as animações interativas de toda espécie não se apresentam fundamentalmente ao receptor como imagens e sons eletrônicos e, portanto, como vídeos? O cinema não é hoje fruído majoritariamente em forma de vídeo? Si la vidéo est mort, vive la vidéo!”

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