VIDEOBRASIL + EXPOPROJEÇÃO + ZANINI

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postado em 25/11/2013
Encontro resgata contribuição do Festival, de exposições históricas e figuras como a de Walter Zanini, falecido este ano, para a consolidação do vídeo no país

No Brasil, a consolidação do vídeo enquanto linguagem e a sua inserção no cenário das artes visuais contemporâneas tem sua trajetória intimamente ligada a alguns personagens, assim como as suas iniciativas em mapear, agrupar e expor estas obras ao grande público. Reunir essas pessoas e refletir sobre esses eventos e sua contribuição para as artes no Brasil é o cerne de um encontro histórico, o VIDEOBRASIL + EXPOPROJEÇÃO + ZANINI, atividade que integra os Programas Públicos do 18º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil.

No momento em que Solange Farkas comemora os 30 anos do Festival com uma edição histórica, aberta no dia 06 de novembro no Sesc Pompeia, a mostra EXPOPROJEÇÃO 1973-2013 está em cartaz no Sesc Pinheiros, após abertura no dia 22 de outubro, recuperando o projeto original de Aracy Amaral, desta vez com o reforço de Roberto Moreira S. Cruz na atualização das obras e artistas. Para completar a tríade dos pioneiros no fomento e difusão do vídeo no Brasil, Cacilda Teixeira da Costa, uma das coordenadoras do primeiro núcleo de vídeo criado por iniciativa de WALTER ZANINI em 1976, no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP), se une a Solange, Aracy e Roberto para refletir sobre a contribuição de Zanini para o vídeo e para a arte contemporânea no Brasil, em encontro mediado pelo curador Eduardo de Jesus. O evento acontece no dia 26 de novembro, as 20h, no Galpão do Sesc Pompeia, aberto ao público.


Serviço:

VIDEOBRASIL + EXPOPROJEÇÃO + ZANINI

com: Solange O. Farkas, Cacilda Teixeira da Costa, Aracy Abreu Amaral, Roberto Moreira S. CruzEduardo de Jesus | 26.11, terça, 20h / Sesc Pompeia / Galpão (Rua Clélia, 93, Pompeia).

Entrada mediante retirada de senha distribuída 1h antes do começo do evento.



LEIA MAIS:

18º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil

O Videobrasil comemora os 30 anos do festival com uma edição histórica, que acompanham as transformações e desenvolvimento por que passaram o vídeo e as artes contemporâneas no cenário nacional e internacional. Quando a videoarte apenas surgia por aqui, foi o primeiro festival voltado à modalidade, estimulando a produção e possibilitando a sua consolidação e o acesso do público. Mais tarde, abriu-se à arte eletrônica, à performance e às práticas híbridas. Em 1992, ano em que consolida a parceria o SESC como corealizador, o festival cresce e se internacionaliza, antecipando-se às discussões em torno de uma nova confluência de forças e organização geopolítica em torno dos países do hemisfério Sul, definindo este eixo como central da sua mostra competitiva. Desde 2011, o Festival passou a abranger todas as linguagens artísticas, acompanhando o processo de inserção do vídeo como um produto artístico e sua relação com as demais artes, tornando-se um dos principais eventos do país e um dos mais respeitados do mundo, em torno da diversidade e multiplicidade de suportes e linguagens da arte contemporânea.

Na comemoração de suas três décadas de história, além da mostra competitiva Panoramas do Sul, que ocupa o segundo andar do ginásio esportivo do Sesc Pompeia com 106 obras de 94 artistas, provenientes de 32 países do sul geopolítico, o festival monta a exposição 30 Anos, apresentando uma videoinstalação composta por 234 telas no Galpão do Sesc, numa polifonia de sons e imagens de mostras, performances, encontros e outros momentos relevantes das dezessete edições do festival. No mesmo espaço, acontecem reencenações de performances históricas, assim como está disponível uma Videoteca, que põe à disposição do público 1300 obras exibidas pelo festival, incluindo uma seleção preciosa de mostras de artistas como Nam June Paik e Gary Hill.

O 18º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil fica em cartaz de 06 de novembro a 02 de fevereiro, ocupando os espaços do Sesc Pompeia, Cine Sesc e SescTV.


EXPOPROJEÇÃO 1973/2013

Em 1973, Aracy Amaral foi responsável pela organização e coordenação da EXPOPROJEÇÃO no “Grife” (Grupo dos Realizadores Independentes de Filmes Experimentais), que se tornou a primeira grande mostra do país dedicada ao audiovisual, considerada um marco pelos pesquisadores por reunir vários artistas produzindo sobretudo em Super-8 e 16mm. Agora, 40 anos depois, ela retoma seu projeto ao lado de Roberto Moreira S. Cruz, ampliando e atualizando a proposta para a EXPOPROJEÇÃO 1973/2013, montada no SESC Pinheiros.

A exposição se organiza em dois núcleos: o histórico e o contemporâneo. O núcleo histórico apresenta o acervo da Expoprojeção 73 formado por documentos fotográficos, textos, gravações, catálogo original, cartas e a  seleção das obras exibidas nesta primeira mostra, incluindo obras restauradas especialmente para o projeto. Estarão em exposição trabalhos de Cildo Meirelles, Antonio Dias, Antonio Manuel, Abrão Berman, Anna Bella Geiger, Carlos Vergara, Claudio Tozzi, Donato Ferrari, Frederico Morais, Lygia Pape, Raimundo Colares, entre outros. Também faz parte desse núcleo histórico obras do período subsequente à Expoprojeção, de 1974-1999, com trabalhos de artistas como Sonia Andrade, José Roberto Aguillar, Regina Vater, Rafael França, Miguel Rio Branco, Tunga, Sandra Kogut, Eder Santos, Carlos Nader e Tadeu Jungle. O núcleo contemporâneo apresentará obras produzidas no século XXI, com instalações, objetos e projeções em telas de grandes proporções, com os artistas Cao Guimarães, Rivane Neuenschwabder, Marcellvs L, Lia Chaia, Letícia Ramos, Ricardo Carioba, Cinthia Marcelle e Rosângela Rennó.

A EXPOPROJEÇÃO 1973/2013 está aberta ao público desde o dia 22 de outubro no Espaço de Exposições do Sesc Pinheiros, 2º andar.


WALTER ZANINI

Walter Zanini (São Paulo, 19251–2013), historiador, crítico de arte e curador brasileiro, professor titular da Universidade de São Paulo, foi o primeiro diretor do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo – MAC/USP, inaugurado em 1963, onde permaneceu até 1978. Neste museu, aproximou-se de grupos de jovens artistas com a realização de exposições como as da JAC's (Jovem Arte Contemporânea), abertas à produção mais experimental, sobretudo ligada à videoarte. Em 1974, Zanini recebe o convite do Institute of Contemporary Art da Universidade da Pensilvânia para selecionar participantes para a exposição Video Art, indicando obras de Anna Bella Geiger, Angelo de Aquino, Sônia Andrade, Ivens Machado e Fernando Cocchiarale. O  Espaço B, criado por Zanini em 1976, abriga o Núcleo de Video Tape, coordenado por Cacilda Teixeira da Costa e Marília Saboya, o primeiro do gênero dentro de em uma grande instituição no país, responsável por colocar equipamentos à disposição dos artistas, entre eles um portapack da Sony, algo inovador no período. Zanini se afasta do MAC em 1978, ano em que o museu é fechado temporariamente e o Espaço B é desativado. Neste ano, realiza a curadoria do I Encontro Internacional de Vídeo Arte, ocorrido no Museu da Imagem e do Som de São Paulo (MIS-SP), com artistas como Regina Silveira, Gabriel Borba Filho, Jonier Marin, Carmela Gross, Marcello Nitsche, Julio Plaza, Gastão de Magalhães, Flávio Pons e Sônia Andrade.

Zanini foi curador de duas edições da Bienal Internacional de Arte de São Paulo (em 1981 e 1983), tendo como proposta expor trabalhos que investigassem a pesquisa de novas linguagens e experimentações. Escreveu os dois volumes da Historia Geral da Arte no Brasil (1983), entre outras publicações em livros e periódicos, nacionais e internacionais. Morreu aos 87 anos em 29 de janeiro de 2013, em São Paulo.

Ainda este ano, está prevista uma mostra em sua homenagem no MAC/USP. 


Sobre os participantes:

Aracy Abreu Amaral _ Crítica e curadora, foi diretora da Pinacoteca do Estado de São Paulo, do MAC/USP, curadora da 8ª Bienal do Mercosul e da Trienal do Chile.

Cacilda Teixeira da Costa _ Curadora e escritora, foi coordenadora de videoarte do MAC/USP e da XVI Bienal de São Paulo.

Roberto Moreira S. Cruz _ Curador, professor e produtor cultural, consultor do Itaú Cultural nas áreas de audiovisual e de filmes e vídeos de artistas.

Solange O. Farkas _ Fundadora e curadora da Associação Cultural Videobrasil, ex-diretora do Museu de Arte Moderna da Bahia e curadora convidada das Bienais de Charjah e Cerveira.

Eduardo de Jesus (mediador) _ Curador e professor do programa de pós-graduação da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC-MG.