• Roy Dib (Líbano), N'Goné Fall (Senegal/França), Abdoulaye Konaté (Mali), Júlia Rebouças (Brasil), Sabrina Moura (Brasil)
Foto: Tiago Lima

    Roy Dib (Líbano), N'Goné Fall (Senegal/França), Abdoulaye Konaté (Mali), Júlia Rebouças (Brasil), Sabrina Moura (Brasil)
    Foto: Tiago Lima

  • Abdoulaye Konaté (Mali)
Foto: Tiago Lima

    Abdoulaye Konaté (Mali)
    Foto: Tiago Lima

  • Júlia Rebouças (Brasil)
Foto: Tiago Lima

    Júlia Rebouças (Brasil)
    Foto: Tiago Lima

  • N'Goné Fall (Senegal/França)
Foto: Tiago Lima

    N'Goné Fall (Senegal/França)
    Foto: Tiago Lima

  • Foto: Tiago Lima

    Foto: Tiago Lima

  • Roy Dib (Líbano), Júlia Rebouças (Brasil), N'Goné Fall (Senegal/França), Sabrina Moura (Brasil), Abdoulaye Konaté (Mali)
Foto: Tiago Lima

    Roy Dib (Líbano), Júlia Rebouças (Brasil), N'Goné Fall (Senegal/França), Sabrina Moura (Brasil), Abdoulaye Konaté (Mali)
    Foto: Tiago Lima

Abdoulaye Konaté critica formação tradicional nas artes e relata sua experiência no Brasil

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postado em 07/10/2015
O artista participou, com Júlia Rebouças, N' Goné Fall e Roy Dib, de mesa do Seminário do 19º Festival, com curadoria de Sabrina Moura

O 19º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil | Panoramas do Sul, que inaugurou na noite de ontem as exposições Panoramas do Sul | Artistas Convidados e Panoramas do Sul | Obras Selecionadas, reuniu nesta manhã (7/10), no Teatro do Sesc Pompeia, os artistas Abdoulaye Konaté e Roy Dib e as curadoras Júlia Rebouças e N’Goné Fall na primeira mesa do Seminário Lugares e Sentidos na Arte: Debates a Partir do Sul, intitulada Repensar tradições: arte, gesto e contemporaneidadecom curadoria e mediação de Sabrina Moura.

Nascido no Mali, Abdoulaye Konaté, artista central para a mostra Panoramas do Sul | Artistas Convidados, contou ao público a sua trajetória artística. De forma crítica, o artista mencionou que o ensino tradicional de Belas Artes “não atravessa nossa cultura. É clássica, acadêmica, ocidental. Como se nossa cultura não fizesse parte do global.” Para mudar esse cenário, o artista, formado pela escola de Belas Artes no Mali e tendo feito os estudos no Instituto Superior de Arte em Cuba, resolveu montar seu próprio curso, no Conservatoire des Arts et Métiers Multimédia, a partir de três eixos: a formação acadêmica; o tradicionalismo da cultura do Mali e as novas tecnologias. “A minha intenção, a partir desses três eixos, era permitir que a nova geração de artistas pudesse intervir no plano internacional”, disse.

Abdoulaye conta que a inspiração para as obras exibidas no Sesc Pompeia veio de um encontro com os guarani, em Ubatuba. “Quando eu vi as diferentes tonalidades criadas pelos indígenas, os usos que faziam das cores, me dei conta de que aquilo poderia estar em qualquer lugar no mundo. Quando voltei para o hotel, comecei a fazer alguns desenhos e esboços. Conheci seus adereços, sua plumária. Nenhum acadêmico poderia dizer que não se trata de arte. Fui embora do Brasil já decidido quanto ao que iria criar”, conta ele, que fez uma obra em grande escala também em homenagem ao tamanho continental do Brasil. “O Brasil é tão grande que assusta.” O artista diz que trabalha “com tudo que há de beleza no mundo e com todo o sofrimento que há no mundo.” Na segunda temática se encaixam obras que tratam de assuntos como as epidemias, as imigrações, as guerras civis.

Um dos principais artistas contemporâneos do Líbano, Roy Dib, confessou ser influenciado por artistas como Akram Zaatari e Walid Raad, e falou do processo criativo de suas obras, com destaque para Mondial 2010 e A spectacle of privacy, que compõem a exposição de Obras Selecionadas, e retratam, no primeiro filme, a luta de um casal homossexual que esconde sua identidade para poder sair do Líbano e cruzar a fronteira da Palestina, cerceada por Israel, e, no segundo, a intimidade do mesmo casal, em um quarto de hotel, após cruzar a fronteira. “Procurei compor diálogos entre o casal que fizessem analogia à questão Israel e Palestina”, conta.

Curadora e, crítica de arte, N’Goné Fall apresentou o trabalho de artistas de diversos países da África. Sobre o tema que guiava a mesa, N’Goné mencionou preferir o termo cultura ao termo tradição. “É mais amplo. Não há uma tradição que possa ser dita ‘africana’ — a África é formada por 54 países.”

Em sua fala, a curadora, também membro do júri do 19º Festival, explanou sobre artistas africanos contemporâneos, como El Anatsui, e das diferenças entre a maneira como seus trabalhos são vistos pelos olhos da Europa e dos Estados Unidos, e da África Ocidental. “São leituras diferentes”, disse, citando como exemplo obra do artista criada a partir de dejetos. "Para os críticos ocidentais, a obra se debruça sobre a questão ambiental. Para nós, remete aos tecidos reais de Gana, ao Império Ashanti.”

Júlia Rebouças, que faz parte da equipe de curadores do 19º Festival, falou sobre o processo curatorial desenvolvido ao longo de 18 meses, ao lado de Bernardo José de Souza, Bitu Cassundé, João Laia e Solange Farkas. Mencionou as mais de 3000 inscrições recebidas para a exposição de Obras Selecionadas e questões comuns às obras dos 53 artistas selecionados. Falou detidamente sobre os artistas convidados e sobre os artistas que participam da exposição de Projetos Comissionados, no que chamou de um “rasante” sobre o 19º Festival.