O corpo no centro

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postado em 24/04/2017
Videoteca do Galpão VB reúne obras que dialogam com a exposição Nada levarei quando morrer, aqueles que me devem cobrarei no inferno

Estabelecendo conexões entre as exposições realizadas no Galpão VB e o acervo da Associação Cultural Videobrasil, a Videoteca da instituição organiza playlists e coloca-as à disposição do público durante os horários de visita. Para a exposição Nada levarei quando morrer, aqueles que me devem cobrarei no inferno, em cartaz até 17 de junho, a equipe do Acervo Videobrasil organizou duas playlists (confira a lista completa das obras no final desta matéria).

A primeira é temática. Intitulada “Corpo e rito”, contém obras que exploram a fronteira entre o sagrado e o erótico por meio do corpo humano e de suas adjacências. É o caso, por exemplo, de Deus come-se, de Luiz Duva. Com uma edição vertiginosa, em que animais de abate, insetos e pessoas se sucedem e se confundem aos olhos do espectador, a obra explora a devoração como método e metáfora de um divino que se compõe, também, de grotesco.

Outro viés dessa ligação entre o humano e o divino aparece em Barrueco, de Ayrson Heráclito e Danillo Barata. O vídeo combina corpos negros, versos de Mira Albuquerque e a voz de Nina Simone para orquestrar a ambivalência da água, que é ao mesmo tempo elemento espiritual central de culturas africanas e símbolo do terror da diáspora negra, que se deu ao longo de séculos de tráfico de escravos através do Atlântico.

Essa dor da condição diaspórica é revivida por Ingrid Mwangi em My possession (foto), performance realizada no 15º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil, em 2005. Os movimentos descontínuos do corpo da artista partem de uma neutralidade forçada, passam pela angústia da descoberta de si e do confronto com os outros e chegam à dignidade enfim conquistada. A dignidade do sujeito que resiste está presente também em PVC, de Luiz Duva, e Talk about body, de Hui Tao, vídeos que completam a seleção.

Além de “Corpo e rito”, o Acervo Videobrasil disponibiliza uma playlist com obras de Caetano Dias, Virginia de Medeiros e Gisela Motta e Leandro Lima, artistas que integram Nada levarei quando morrer, aqueles que me devem cobrarei no inferno. Esses dois conjuntos pretendem desdobrar questões levantadas pela curadoria. São, assim, um convite para que o público explore a memória da instituição e reflita, por meio de outros trabalhos, sobre a experiência vivenciada ao longo da visita à mostra.

   

CONFIRA AS PLAYLISTS DA EXPOSIÇÃO

Corpo e rito: tema transversal à exposição Nada levarei quando morrer, aqueles que me devem cobrarei no inferno

Outras obras dos artistas integrantes da exposição Nada levarei quando morrer, aqueles que me devem cobrarei no inferno no Acervo Videobrasil

   

SERVIÇO

O QUE: playlists da exposição Nada levarei quando morrer, aqueles que me devem cobrarei no inferno
QUANDO: até 17 de junho de 2017, de terça a sábado, das 12h às 18h
ONDE: Videoteca do Galpão VB | Associação Cultural Videobrasil – Av. Imperatriz Leopoldina, 1150, São Paulo/SP

Entrada gratuita