Retrospectiva de trabalhos em vídeo do artista plástico, cineasta e hológrafo Moysés Baumstein. Com uma formação multidisciplinar em Matemática, Física, Sociologia e até mesmo em Teatro, Baumstein mostrou ser um verdadeiro "homem da renascença", que uniu a arte à ciência nos mais diversos campos de atividade. Em seus vídeos, o artista fundia gêneros cinematográficos distintos, como o humor, o terror e a ficção científica, além de seu interesse pela estética do chamado Cinema B.

Artistas

Obras

Texto crítico Julio Plaza, 1992

A Pesquisa da Imagem, novas formas de expressão, tecnologias contemporâneas ligadas à produção visual, temáticas regionais... Estes são alguns dos motes que impulsionaram a produção videográfica e a própria realização de festivais como o Videobrasil.

E são exatamente os mesmos elementos que constituem a base da obra de Moysés Baumstein, artista plástico, cineasta e hológrafo falecido em dezembro de 1991, cujo desafio maior sempre foi o de desenvolver de maneira inovadora a expressão visual.

Com uma formação multidisciplinar em Matemática, Física, Sociologia e até mesmo Teatro, mostrou ser um verdadeiro “Homem da Renascença”, que uniu a Arte à Ciência nos mais diversos campos de atividades.

Porém, as faces mais conhecidas de sua obra são as realizacões cinematográficas/videográficas, bem como seus hologramas, objetos desta homenagem. O desenvolvimento de sua produção em cinema foi realizado com Super-8, uma bitola que permitiu a difusão cinevisual independente e criativa em todo o mundo, funcionando como precursora das atuais realizações em vídeo.

Assim, produziu cerca de 20 filmes com premiações em pelo menos 15 festivais nacionais e internacionais.

Sua temática sempre foi baseada em humor e non-sense, ligada à uma crítica demolidora contra todos os conceitos pré-estabelecidos.

Formalmente seus filmes mais populares são gags idealizadas como programetes de TV, ou como “curtíssimas metragens” para cinema, onde argumentos como o culto à forma física era satirizados já em 1978 com O Método Homeopático. Paralelamente ao humor puro, transpôs para filme trabalhos mais experimentais, resultantes de suas peças ou ensaios teatrais, como O Manuscrito (1976) e Liberdade, Igualdade e Fraternidade (1979).

Na área de vídeo, atuando na direção de uma produtora independente, partiu dos mesmos pressupostos bem-humorados com realizações que satirizavam as enquetes televisas Pesquisa de Opinião Púbilca - II (1985), ou que homenageavam os filmes de horror classe “B” como a A Sopa (1986), ou mesmo que repensavam o tédio que se abate sobre todos nós Triologia do Último Minuto (1991).

Sua produção em vídeo só não foi mais intensa dada a sua dedicação também à holografia e às pesquisas com o cinema holográfico. Nesta área, possui um conjunto de trabalhos impressionantes: a busca de uma linguagem holográfica própria, que suplantasse o simples efeito tridimensional, foi seu objetivo maior. Para isto, uniu-se a um grupo de poetas concretos, comunicólogos e pesquiadores para jutos experimentarem a sintaxe holográfica.

Uma produção diversificada, intensa, que reflete a busca incessante pelo experimental no campo da comunicação visual, esta é a obra de Moysés Baumstein.

Artista-investigador no paradigma Da Viniciano, espírito inquieto e lúcido, curioso como criança, Moysés Baumstein trabalhava humildemente no seu laboratório (a contrapeso da fama e da mídia) olhando para o futuro, criando tecnologia via raio LASER, isto enquanto São Paulo amanhecia.

MB transitou por diversas áreas e disciplinas com sucesso e generosidade. Da gravura ao VT, das artes gráficas à pesquisa química que visa a reprodutibilidade, do cinema à holografia, MB nos deixou o seu saber com sabor e também com humor, como um amador-profissional. 

PLAZA, Julio. ASSOCIAÇÃO CULTURAL VIDEOBRASIL. "9º Festival Internacional Videobrasil": de 21 a 27 de setembro de 1992, p.44, São Paulo-SP, 1992.