Status social e resistência

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postado em 21/08/2017
Terceira sessão de parceria com a Pro Helvetia exibe obras do Acervo Videobrasil na Biblioteca Mário de Andrade, dia 30 de agosto

Dia 30 de agosto, às 17h, acontece na Biblioteca Mário de Andrade o terceiro encontro da série Relações transatlânticas: momentos públicos da pesquisa do curador Bruno Z’Graggen no Acervo Videobrasil. O projeto é uma parceria do Videobrasil com a Fundação Suíça para a Cultura Pro Helvetia, dentro do programa de intercâmbio Pro Helvetia na América do Sul 2017–2020, que visa a promover o intercâmbio cultural e iniciar parcerias entre a Suíça e os países da América do Sul.

Os encontros, promovidos entre julho e outubro deste ano, são realizados uma vez por mês em diferentes espaços da capital paulista, com uma sessão prevista para o Rio de Janeiro.

Para a sessão “Status social e resistência”, Z’Graggen selecionou cinco filmes do Acervo Videobrasil que têm em comum a abordagem e discussão sobre questões ligadas ao status social dos negros, ao racismo e à resistência.

A temática também virá à tona na nova exposição do Videobrasil. Agora somos todxs negrxs? inaugura no dia seguinte, 31 de agosto, às 19h, no Galpão VB. Com curadoria de Daniel Lima, a exposição trabalha na interseção entre as questões raciais e de gênero, e reúne artistas e obras que refletem o amadurecimento da discussão sobre as identidades e negritudes no Brasil. Trabalhos de Ayrson Heráclito estarão presentes tanto na exposição quanto na seleção proposta por Bruno Z’Graggen.

Confira abaixo a relação completa dos vídeos que serão exibidos no terceiro encontro de Relações transatlânticas.

Barrueco (Ayrson Heráclito e Danillo Barata, 2004) (imagem)
Dos dois lados do Atlântico, pessoas de ascendência africana idolatram a água como casa dos principais espíritos. O elo espiritual é afetado pelo comércio de escravos, que inaugura o terror do oceano imenso, simbolizando a ferida da separação para mais de 9 milhões de pessoas. Um termo espanhol que designa pérolas imperfeitas, criadas por correntes fortuitas, dá título ao trabalho. Combinado com a voz de Nina Simone e os versos do poema Divisor, de Mira Albuquerque, seu apanhado de elementos visuais simbólicos – a superfície ambarina do dendê fervendo, o navio negreiro –orquestra a dor da opressão dos corpos para sempre em trânsito.

Se o Rei Zulu já não pode andar nú (Maria Lucia Silva e Rita Moreira, 1987)
Vídeo-documentário sobre preconceito contra os negros no Brasil, com depoimentos e entrevistas sobre experiências de racismo e enquete sobre a importância da presença de Benedita da Silva na Constituinte. Imagens da visita do bispo da África do Sul, Desmond Tutu, ao Rio de Janeiro, quando aquele país ainda vivia o Apartheid e Nelson Mandela estava preso.

Untitled (Zimbabwean Queen of Rave) (Dan Halter, 2005)
O vídeo cruza imagens de manifestações na África e de raves no Reino Unido movidas pelo hit Everybody’s Free (To Feel Good), da cantora zimbabuana Rozalla. A edição dinâmica, que lembra os scratch vídeos ingleses dos anos 1980, cria um paralelo entre duas situações que, submetidas à recontextualização midiática, perdem seu potencial de confronto. As raves, marcadas pela recusa do estilo de vida yuppie, ganham imagem de modismo vazio; os movimentos de contestação na África parecem desprovidos de causas. A liberdade da dança enquanto protesto e do protesto enquanto dança é enquadrada pelo retângulo televisivo, tornado metáfora de um processo de apropriação e esvaziamento.

Touche pas à mon pote (Beth Formaggini, Flávio Ferreira, Henri Gervaiseau e Solange Padilha, 1988)
Clipe antirracista para a música de mesmo nome de Gilberto Gil. Imagens de retirantes, conflitos raciais e lideranças negras, como Malcom X, Desmond Tutu e Martin Luther King ilustram a letra.

Aristocrata clube (Aza Pinho e Jasmin Pinho, 2004)
Nos anos 60, o Aristocrata Clube era frequentado pelas famílias negras que se sentiam discriminadas em outros salões de São Paulo. O documentário mostra a luta da classe média negra paulistana por inserção.

SERVIÇO

O QUE: “Status social e resistência”: exibição de filmes do Acervo Videobrasil
QUANDO: 30 de agosto, quarta-feira, às 17h
ONDE: Biblioteca Mário de Andrade (Rua da Consolação, 94, São Paulo)

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