Um desfile militar, com todo o seu aparato — figurino exagerado, marcha rigidamente coreografada —, é encenado de forma jocosa. A caminhada da pequena tropa termina com o hasteamento de bandeiras em mastros desativados de espaços públicos de Porto Alegre. Uma alegoria de conotações histórico-políticas e comportamentais, ao mesmo tempo simples e eloquente, a obra rememora a estética oficial das apresentações do Estado à época do regime militar brasileiro, ou mesmo de outros momentos cívicos de afirmação política, e que têm por função escamotear a diversidade e os dissensos ideológicos. Remetendo-se às suas origens gaúchas, o artista ilustra fenômenos culturais de uma identidade farroupilha construída pelos poderes instituídos. A solenidade foi encenada, de forma significativa, na 7ª Bienal do Mercosul. A ação é captada com uma câmera de Super-8, o que cria um contraste evidente entre as noções de presente e passado, e amplia a pesquisa de Lenhardt acerca da noção de “agora” como revelação de um ponto de vista oficial e inquestionável. A obra em si configura-se como uma ampliação da discussão de seu projeto “Ao Vivo”, série de trabalhos que desenvolve desde 2002 e do qual também faz parte o trabalho Copan Ao Vivo.