Em 2015, a 19ª edição do Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil | Panoramas do Sul realizou sua primeira exposição de projetos comissionados. Solange Farkas, curadora-geral do Festival, apresenta a iniciativa que selecionou propostas de quatro jovens artistas do Sul global dentre centenas inscritas via convocatória pública. Carlos Monroy (Colômbia), Cristiano Lenhardt (Brasil), Keli-Safia Maksud (Quênia) e Ting-Ting Cheng (Taiwan) — exibem o resultado de suas pesquisas no Galpão VB, na mostra que inaugurou a sede da Associação Cultural Videobrasil em São Paulo.

A instalação de Carlos Monroy relaciona o surgimento da lambada e a imigração boliviana no Brasil — a música mais conhecida desse gênero musical, Chorando se foi, é versão não-autorizada da tradicional canção boliviana Llorando se fue. O filme de Cristiano Lenhardt contrapõe a racionalidade do modernismo (citando a organização de Brasília) à “desordem” associada a personagens como o Saci e outras criaturas míticas, algumas inventadas pelo artista. A instalação de Ting-Ting Cheng reúne livros relacionados a lugares inexistentes. A subjetividade é essencial à obra: são válidos os lugares virtuais, presentes na imaginação coletiva, ou territórios não reconhecidos oficialmente? Na obra de Keli-Safia Maksud, tecidos estampados simbolizam uma tentativa de entender a grande e diversa “África”. Sua instalação discute o trânsito e o histórico Europa–África e sua influencia na formação de identidades. Os curadores convidados do 19º Festival, Bernardo José de Souza, Bitu Cassundé, João Laia e Júlia Rebouças, oferecem leituras das obras que supervisionaram durante as fases de produção.