Pela primeira vez, as mostras e performances que compõem os Panoramas representam com exclusividade a produção do circuito sul. A escolha vai além de permitir concentrar nossos esforços para localizar produções emergentes e revisar histórias sólidas na área da arte eletrônica em regiões vitais dessa geopolítica estética — o que os Panoramas fazem com grande riqueza. Realizados à luz dos 20 anos do Festival e de uma compreensão cristalina das especificidades do circuito, eles também querem criar um mapa imaginário que nos deixe cotejar produtos díspares e conquistas correlatas, examinar semelhanças e dessemelhanças e estimular artistas e curadores de culturas diversas ao debate formal e informal de nossas práticas, articulações e interações possíveis.

O material reunido nas cinco mostras single-channel é revelador. Resposta à carta branca recebida do Festival por alguns dos principais curadores-articuladores do circuito sul, escolhidos pela importância potencial ou estratégica das regiões que representam, esse material apresenta novas vozes políticas e um mundo de intenções estéticas, nascidas ora em cenários de exclusão tecnológica, ora do acesso facilitado (de forma inédita) a recursos digitais de captação e edição de imagem. Com curadoria de Shulin Zhao, as mostras da China são exemplo desse novo momento, trazendo obras recentes de professores, estudantes, poetas, operários, policiais, médicos, jornalistas e designers que o acesso à baratíssima tecnologia DV converteu à videoarte, à ficção e ao documentário. “É uma geração de fabricantes de sonhos”, diz Zhao. 

Da Hungria, o curador e professor Miklós Peternák traz o produto de uma geração de criadores que desenvolveu seu trabalho em torno do Departamento de Intermídia da Academia Húngara de Belas-Artes, que ele ajudou a criar, nos anos 1990. Também são jovens os representantes da recém-nascida produção digital em Cingapura, selecionados pela curadora independente Yuni Hadi para o Videobrasil. “É uma geração que lida com as exigências materiais da sociedade e luta para manter o verdadeiro eu de cada um”, afirma Hadi.

A face política do circuito sul surge nas compilações do artista e curador angolano Miguel Petchkovsky que mapeiam a produção da África, continente marcado por guerras civis devastadoras e onde a prática da videoarte “cada vez mais se engaja numa crítica sociopolítica específica”. “Os públicos não são tradicionalmente passivos, como tendem a ser quando confrontados com o cinema”, diz Petchkovsky. “Têm uma atitude crítica que vê o trabalho de arte como desconstrução do texto cultural.” Charlotte Elias e Christopher Cozier, de Trinidad e Tobago, mostram obras caribenhas que tratam da invisibilidade da mulher na política cubana aos sistemas de vigilância que “protegem” as ilhas. Mais do que um discurso político, os artistas têm em comum as condições em que operam. “Suas respostas têm menos a ver com representação, e sim com articular a si mesmos com a tecnologia disponível. Uma perspectiva crítica se molda em conseqüência de suas investigações”, diz Cozier.

Testemunho poderoso da contemporaneidade da nova produção do circuito sul, as quatro obras que compõem o bloco de Panoramas dedicado às performances vêm do México, do Egito e do Brasil. Selecionadas por Priamo Lozada (Colectivo Nortec) e Solange Farkas, curadora do Videobrasil (Duncan Lindsay e Quito Ribeiro, Dobra, o D+8 de Domenico Lancellotti e o egípcio Hassan Khan), elas compartilham a vocação para o hibridismo, o conceito de coletivo, o resgate de elementos tradicionais por meio dos procedimentos da arte eletrônica, e a transferência, para a área da imagem, da idéia de manipulação rítmica que tem produzido os sons da última década. Cenas urbanas e da “política da co-habitação compartilhada” em lugares como Tijuana, Cairo e Rio de Janeiro recorrem no trabalho do egípcio Hassan Khan, dos mexicanos do Colectivo Nortec e dos cariocas do D+8, alteradas ao vivo numa atividade pulsante que faz do vídeo uma outra música.

Vídeos e performances conferem ao Festival a riqueza das visões muito particulares de cada artista e de cada cultura representada. Os curadores, com papel crucial na descoberta, fomento, organização e difusão do circuito sul, trazem sua experiência na criação dos mecanismos que sustentam esse circuito em potencial. Em Painéis, gente que pensa sobre e trabalha com arte eletrônica em vários pontos do circuito sul senta-se para debater nossa produção artística atual, suas articulações e o papel das imagens hoje. A imagem como resgate da herança cultural recente no contexto das culturas tradicionais e o papel das novas mídias na construção social da realidade e na formulação do sujeito contemporâneo são os temas em debate. O ponto de partida dos Painéis é a diversidade de visões e a realidade global multifacetada. Seu objetivo, traçar possíveis trajetos entre as perspectivas do deslocamento, nas palavras do coordenador Eduardo de Jesus, do Conselho da Associação Cultural Videobrasil.

Artistas selecionados

Obras selecionadas

Prêmios e menções

Membros do Júri

Projeto de troféu

Fatias de paisagens de lugares diferentes que se deslocam uma em direção à outra, se encontram e se misturam nos pontos de contato, sem perder suas identidades. Maquete de madeira e acrílico dessa topografia em movimento, o troféu criado por Raquel Garbelotti para o 14º Festival Internacional de Arte Eletrônica compartilha do conceito que serve de eixo às curadorias e à Mostra Competitiva do Sul. “Cheguei à ideia do troféu pensando sobre perda e conquista de um território, que pode ser entendido como o lugar que ocupamos. A maquete me pareceu adequada por implicar relações de controle e percepções de escala”, diz Raquel, que já trabalhou com fotografia, vídeo e objetos. “Geralmente a ideia de um trabalho me conduz à forma de resolução. Mas eu diria que estou sempre projetando espaços”.

Statement do Júri

A cada edição do Festival, o júri enfrenta o desafio de selecionar poucos trabalhos a partir de um vasto espectro de produções, oriundos de vários países. Este ano, o júri composto por Christine Tohme, Kátia Canton, Frédéric Papon e Rodrigo Alonso, após avaliar todos os trabalhos selecionados para a Mostra Competitiva do 14º Festival Internacional de Arte Eletrônica - Videobrasil, gostaria de enunciar algumas considerações gerais.

Foi um rico aprendizado confrontar todos esses trabalhos vindos de culturas, buscas estéticas e abordagens de arte eletrônica tão diferentes. Foi muito difícil escolher apenas alguns desses trabalhos para dar os prêmios predeterminados e, ao mesmo tempo, ser justo com toda essa diversidade de olhares. Portanto, como júri, decidimos expandir a plataforma de premiação e incluir três menções especiais para contemplar essa situação.

A decisão final é, sem dúvida, o olhar pessoal do júri no que se refere à qualidade dos trabalhos e, como bem sabemos, todo ponto de vista pessoal pode ser parcial e problemático. Assim, os prêmios do 14º Festival Internacional de Arte Eletrônica - Videobrasil, são: Três Menções Especiais sem ordem hierárquica para: Personal? ID? Card, de Miodrag Krkobabic (Sérvia); Underneath, de Liu Wei (Pequim, China); Unknown Zone, de Katarzyna Paczesniowska-Renner (Polônia). Prêmio de Criação Audiovisual Le Fresnoy para: Ficção Científica, de Wagner Morales (São Paulo, Brasil). E os três troféus sem ordem hierárquica para: Cows, de Gabriela Golder (Argentina); Face A Face B, de Rabih Mroué (Líbano); The Apocalyptic Man, de Sebastian Díaz Morales (Argentina).

São Paulo, 28 de setembro de 2003.

Christine Tohme, Frédéric Papon, Kátia Canton, Rodrigo Alonso

Texto da comissão de seleção 2003

A Imagem que Afeta

A que ou a quem servem nossas imagens? Apesar das dificuldades e contradições que esta pergunta envolve, os artistas contemporâneos não podem privar-se de buscar respondê-la contínua e insistentemente. Em outras palavras, nossa atualidade não nos permite produzir imagens de maneira desavisada ou displicente. De um lado, podem legitimar hegemonias, consolidar injustiças, estimular inesgotáveis desejos de consumo. De outro, a imagem é, em sua potencialidade, aquilo que nos permite possíveis traduções e deslocamentos: ela tem a capacidade de mudar os sentidos de lugar, de (des)articular visões de mundo e, algumas vezes, nos ajudar a intervir nele.

Contra a imagem que não consegue produzir além da mera estagnação ou da pura indiferença, nosso olhar se voltou para as imagens limítrofes, desestabilizadoras, instigantes, que conduzem de modo crítico um olhar sobre a contemporaneidade: aquelas que nos afetam. Situam-se nas fronteiras da linguagem e produzem, por sua contundência ou sutileza, deslocamentos de pensamento. Deslocamentos de identidade. Deslocamentos, por isso mesmo, explícita ou implicitamente, políticos.

Constatamos uma convergência: a partir dos 765 trabalhos de 40 países recebidos pela Mostra Competitiva do Sul, foi possível reunir um grupo expressivo de 97 obras que comungam dessa noção de deslocamentos, já antecipada pelo eixo curatorial do 14º Festival Videobrasil. São trabalhos produzidos no campo da arte eletrônica que sinalizam desdobramentos sobre a existência contemporânea, que diluem separações entre o indivíduo e o coletivo, o privado e o público, o particular e o universal, somente sendo possível identificar um a partir da intervenção direta do outro. Refletem e dialogam com processos sociopolíticos e culturais amplos: nesse sentido, vários deles são obras in-tensas, no sentido de que surgem da tensão entre os sistemas midiáticos e econômicos de âmbito global e as resistências nascidas nos vários territórios. Como trabalhos imateriais, impermanentes, de trânsito, configuram espécies de “desterritórios” no campo da linguagem.

O que mais fortemente constatamos é que essa tensão ocorre no universo do discurso. Em outras palavras, trata-se de processos de intervenção realizados no dispositivo maquínico e discursivo, configurando, portanto, uma política intrínseca e não exterior à linguagem audiovisual. A contundência de grande parte dos trabalhos da Competitiva está nessa química que não nos permite neles separar experimentação estética e experimentação crítica. Por isso mesmo, são trabalhos indissociáveis da experiência dos tempos atuais, em que se verifica a confluência entre o raciocínio analítico e sintético, entre a investigação sensível e cognitiva, entre arte e pensamento.

Imagens Nômades

É possível perceber nessas imagens passagens entre mundos em conflito, mundos móveis, instáveis. Verifica-se também a tendência peculiar da imagem eletrônica de se articular entre as mais variadas linguagens e campos da arte. Entre as artes visuais e performáticas, entre o videográfico e o fotográfico, entre os meios digitais e as redes telemáticas, entre o verbal, o sonoro e o visual, entre as apropriações das mídias e a cultura dos bancos de dados, entre o discurso estético e o político. As experiências são cada vez mais interdisciplinares e menos “classificáveis”. Promovem um constante trânsito por domínios outrora estáveis. Elas continuam a nos oferecer imagens em fluxo ou, como quer Raymond Bellour, “passagens entre imagens”. Indo além, trata-se de imagens que não estão mais necessariamente atadas à superfície da tela; muitas vezes coexistem a partir de uma rede de relações, situações e ações geradas em torno delas.

Um dado novo talvez seja a percepção de que, para estar em fluxo e promover deslocamentos, a imagem perde seu vínculo com as situações fixas, sem contudo desvincular-se do território e daquilo que ele nos demanda: uma crítica irredutível aos processos nômades globais de exclusão e aos discursos da intolerância. Contrariamente, o que oferece força ao deslocamento a que essas imagens conduzem é justamente o lastro de política, de identidade e de memória que elas carregam.

Interessante notar, nesse sentido, o número expressivo de obras que utilizam como matéria-prima as imagens que a própria mídia nos oferece. Reapropriadas e recombinadas, elas nos conectam à realidade de uma outra maneira, mais pessoal, crítica, menos totalitária e espetaculosa que o discurso hegemônico midiático.

Num momento em que o universo digital se impõe, em que há a perspectiva de conseguir controlar a imagem em suas unidades numéricas de processamento, é emblemático notar também o diálogo (em novos moldes) da imagem em fluxo contínuo do vídeo com a imagem fixa da fotografia. Ou o interesse crescente pelo documentário na forma de ensaio, como nos antecipa Arlindo Machado. Ou ainda o retorno (também em novos moldes) da representação do corpo ou das memórias singulares, pessoais ou coletivas. São estratégias que abrem a imagem para que as realidades se insinuem em seus interstícios. Como se o criador contemporâneo se permitisse rasgá-la e deixar que por ela passem os indícios de uma experiência singular, os vestígios de uma identidade esgarçada, ou os traços de uma memória em via de desaparição.

Topografias possíveis

Elaboramos um modo de nos deslocar entre as obras da Mostra Competitiva como em um espaço topológico: as entradas são várias, como também são diversas as possíveis leituras. Cada trabalho produz uma intensidade diferente, alguns mais incisivos, outros mais sutis e delicados, todos sob a forma de múltiplas conexões. Os programas da Mostra Competitiva articulam caminhos temáticos sem, contudo, nomeá-los. Assim, damos abertura a outras combinações passíveis de serem feitas. Cada programa possui um tom e é modulado por uma intensidade própria. Mas essa estabilidade circunstancial será com certeza abalada pelo olhar de cada participante do Festival. Gostaríamos que a Mostra fosse vista como um mapa atualizador da produção contemporânea do circuito sul. Mas um mapa instável que, apesar de não estar isento de escolhas e de ter nascido dos recortes que propomos, se transforma diante de cada interpretação particular.

Nessa topografia, algumas entradas são possíveis: a política é, como já ressaltamos, uma delas. Obras intensas em teor de linguagem e visão crítica da realidade traduzem a tensão própria do nosso contexto atual, marcado por conflitos econômicos, étnicos e religiosos que vêm se traduzindo em guerras que não desejamos, mas cuja solução não descobrimos facilmente.

Políticas também a crítica e a recombinação que vários trabalhos fazem das mensagens que circulam pelos meios de comunicação massivos, como as originadas pelo circuito das TVs broadcast e pela internet. Se as mídias e as novas tecnologias telemáticas têm sido o principal sustentáculo da globalização, um discurso de resistência se cria a partir do seu uso tático e subversivo.

Muitos trabalhos denunciam as novas formas de controle, mais sutis, oblíquas, que se insinuam nas redes de comunicação ou por meio das câmeras de vigilância, dos satélites e do olhar onipresente dos reality shows.

Uma outra topologia pela qual se pode entrar nessa Mostra Competitiva é aquela que dialoga com o tema do nomadismo ou de um “novo nomadismo”, como nos sugere Félix Guattari. O tema permeia várias obras e ganha sentidos diferentes a cada abordagem: viajantes, refugiados, exilados; o turismo, a navegação pelo ciberespaço, a impossibilidade de regressar ao território de origem, a perambulação ou o exílio no próprio território.

Esse novo nomadismo não deixa intactas as identidades e intervém também em nosso corpo. Diversos trabalhos nos mostram isso, em um diálogo profícuo com os primórdios da videoarte: trata-se agora de um corpo recombinado, acrescido de próteses e projeções. E, para além de simplesmente representar o corpo, algumas imagens visam mesmo afetá-lo e o elegem como alvo de experiências sinestésicas, provocando sensações não apenas auditivas e visuais, mas também táteis e gustativas.

Outras tendências

Nesta edição do Festival, optamos por um deslocamento também em relação ao modo de exibição de alguns trabalhos. Sua natureza plástica e instalativa, bem como a articulação não linear de linguagem que propõem, nos levaram a arriscar uma outra maneira de apresentá-los ao público. Este é o caso de How Things Work / Como as Coisas Funcionam (Roberto Bellini, Brasil), Coleção (Orlando Maneschy, Brasil), Estéreo-Escape (Vídeo) 2 (Daniel Trench, Brasil), BMX (Alexandre da Cunha, Brasil/Reino Unido) e Sem Título (Ricardo Müller Carioba, Brasil), que são exibidos separadamente em looping, em projeções individuais e em diálogo com o ambiente onde são apresentados.

Outra novidade para esta edição foi a criação da mostra “Investigações Contemporâneas”, a partir da observação dos trabalhos inscritos que tiveram um destaque especial no decorrer das discussões instauradas no período de seleção. Paralela à Competitiva, ela terá a função de apontar pesquisas emergentes e de chamar a atenção para tendências importantes no campo da arte. Esses trabalhos transitam em contextos diferenciados ao eixo curatorial do Festival, e permitem o exame atento de vestígios instigantes daquilo que aponta linhas de pesquisa já em andamento, bem como a produção futura. A idéia segue a filosofia da Associação Videobrasil de se mover em torno à compreensão dos desígnios da produção audiovisual. São trabalhos que se destacam pela qualidade da pesquisa e dizem respeito ao estudo de arte, tanto em seus processos de desenvolvimento de linguagem como pela maneira como articulam e inovam conteúdos de abordagem. A partir da próxima edição do Festival passa a ser oficial, além de “Investigações Contemporâneas”, uma segunda mostra, “Novos Vetores”, que terá como objetivo incluir a produção de novos núcleos de trabalho das mais variadas regiões do Brasil, como também de países em produção emergente.

Esses deslocamentos mínimos que antecipamos apontam para mudanças no formato das próximas edições do Festival: de um lado, há uma abertura da Competitiva para uma diversidade de experiências para além do single-channel e que apontam para ações de ordem efêmera, instalativa e performática. De outro, a perspectiva de criar mostras e recortes paralelos que potencializem a qualidade e a riqueza das obras inscritas. Se a arte eletrônica se expande para outros formatos e experiências, cabe ao Videobrasil acompanhar essa expansão, e permitir inclusive que a Mostra Competitiva vise menos à premiação e intensifique ainda mais seu caráter de intercâmbio e interlocução com as novas dinâmicas de fazer confluir a experiência da arte e do pensamento.

É preciso, para tanto, incentivar a reflexão e a criação de imagens que nos afetem, e, como lembra Gilles Deleuze, que nos façam crer novamente neste mundo.

André Brasil, Christine Mello e Solange Farkas
Comissão de Seleção e Programação

ASSOCIAÇÃO CULTURAL VIDEOBRASIL, "14º Videobrasil": de 22 de setembro de 2003 a 19 de outubro de 2003, p. 29 a 32, São Paulo, SP, 2003.

Texto institucional Laure Bacqué, 2003

Prêmio de Criação Audiovisual Le Fresnoy

Pelo décimo ano consecutivo, e sempre com o objetivo de cooperação, desenvolvimento e intercâmbio cultural entre a França e o Brasil no que diz respeito à arte eletrônica, o Consulado Geral da França em São Paulo e a Embaixada da França no Brasil têm o prazer de colaborar com mais esta edição do Festival Internacional de Arte Eletrônica Videobrasil. Desde 1992, com o Prix Futuris Aliança Francesa, o apoio das instituições francesas ao Festival tem sido constante.

A fim de ilustrar essa colaboração e celebrar os 20 anos do Festival, os serviços franceses da AFAA (Associação Francesa de Ação Artística) no Brasil e a Aliança Francesa de São Paulo se uniram ao Studio Le Fresnoy na França para lançar o Prêmio de Criação Audiovisual Le Fresnoy. O prêmio oferece a um artista brasileiro uma bolsa de trabalho no Le Fresnoy, um dos melhores centros de formação do mundo nas áreas de pesquisa e produção audiovisual.

O Le Fresnoy — Studio National Des Arts Contemporains é um centro de produção, pesquisa e pós-graduação em arte audiovisual que capacita jovens artistas a produzir trabalhos com equipamento profissional, sob a direção de artistas consagrados. Concebido e dirigido por Alain Fleischer, foi inaugurado em 1997 em Tourcoing, norte da França. A ênfase do trabalho está na ruptura das barreiras entre mídias e linguagens audiovisuais, das tradicionais e eletrônicas (foto, cinema, vídeo) à tecnologia digital e seus desdobramentos.

O vencedor ganhará um curso de francês preparatório de seis meses na Aliança Francesa, no Brasil, a viagem à França, uma bolsa para sua estada, e uma residência de dois meses no Le Fresnoy, com todos os meios técnicos para a produção e pós-produção de um projeto, que poderá ser integrado à apresentação das produções do Le Fresnoy no evento anual do estúdio, Panorama.

Nesta vigésima edição, o Festival Internacional de Arte Eletrônica contará ainda com a presença do diretor do Studio Le Fresnoy, Alain Fleischer, que será membro do júri oficial. Gabriel Soucheyre, diretor artístico do festival Videoformes, realizado em Clermond-Ferrand, na França, também estará presente para relembrar e ressaltar a passagem dos artistas franceses pelo Videobrasil, numa mostra de vídeos que cobre de trabalhos da época da criação do Festival às mais recentes produções da nova geração de videomakers na França.

Laure Bacqué - Assessora Audiovisual Consulado Geral da França em São Paulo

ASSOCIAÇÃO CULTURAL VIDEOBRASIL, "Deslocamentos - 14º Festival Internacional de Arte Eletrônica Videobrasil": de 22 de setembro de 2003 a 19 de outubro de 2003, p. 36 e 37 , São Paulo, SP, 2003.