As relações entre corpo e identidade, e memória e pertencimento são alguns dos principais eixos da pesquisa do artista, que trabalha com vídeo, videoinstalação, filme, fotografia, instalação e performance. Foi premiado no 16º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil (2007) com residência no Le Fresnoy, em Tourcoing, França. Dentre as exposições coletivas, destacam-se Do Valongo à Favela, Museu de Arte do Rio de Janeiro (2014); III Bienal da Bahia (2014) e 29º Panorama da Arte Brasileira, Museu de Arte Moderna de São Paulo (2005). Vive e trabalha em Salvador.
2005, vídeo, 17’20”
cortesia do artista
Obra que surge a partir de um evento fortuito, Uma é composta por um plano sem cortes que, como a subjetiva de um voyeur, mostra um homem e uma mulher abraçados dentro da água, em uma praia. A coreografia dos corpos sugere que, em plena luz do dia e à vista de todos, os dois fazem amor – a “uma” a que o título se refere. A câmera, voyeurística e irônica, acompanha os amantes até que eles saiam do mar e a mulher, cansada, se sente na areia.
Desde o início de sua carreira, Andujar interessou-se por temas e grupos à margem da cultura dominante – dos internos de um hospital psiquiátrico a participantes de sessões espíritas –, registrando a potência vital dos personagens fotografados. Sua atividade como fotojornalista leva-a primeiramente à tribo dos Carajás e, em 1971, ao povo Yanomami, então recém contatado. Reconhecida internacionalmente, sua produção integra o acervo dos principais museus do mundo, como o MoMA, em Nova York; a Maison Européene de la Photographie, em Paris; e o Instituto Inhotim, em Brumadinho, Brasil. Publicou os volumes Marcados (2009), A vulnerabilidade do ser (2005), e Yanomami (1998), entre outros. Vive e trabalha em São Paulo.
1971-1972, slideshow com seleção do livro Amazônia
cortesia Galeria Vermelho
1976, fotografia, 150x100cm
cortesia Galeria Vermelho
Publicadas pela primeira vez no livro Amazônia – realizado em parceria com George Love e atualmente esgotado –, este conjunto de imagens dá testemunho de um fragmento da floresta, tomada em sua complexidade humana, animal e vegetal. A sequência projetada em slideshow registra um momento lúdico de um grupo yanomami na mata. Ao contrário do que se vê em séries mais famosas da artista, aqui a presença dos corpos frente à câmera produz imagens delicadas, onde os yanomami brincam e conversam, como se partilhassem um espaço familiar. Casulo humano mostra parte do rito fúnebre yanomami, no qual o cadáver é posto em uma espécie de casulo, por sua vez preso a uma estrutura de madeira na mata até que seque totalmente, para então ser cremado e ter suas cinzas misturadas ao mingau que seus parentes partilharão.
Formados em Artes Plásticas pela FAAP em 1999, Motta e Lima trabalham desde então em dupla, desenvolvendo uma investigação na qual tecnologias distintas são exploradas em obras onde conceito e técnica se determinam conjuntamente e frequentemente põem a relação com o espectador em primeiro plano. Participaram de diversas mostras coletivas no Brasil e no exterior, como 1ª Bienal Fin del Mundo, Argentina (2007); a 10ª Bienal de Havana (2009); e A Arte e a Ciência: Nós entre os extremos, no Instituto Tomie Ohtake, São Paulo (2015). Entre as exposições individuais, destacam-se “In.Situ.Ações”, MAMAM no Pátio, Recife (2011); e Sopro, CCBB, Rio de Janeiro (2012). Vivem e trabalham em São Paulo.
2005, videoinstalação, dimensões variáveis
cortesia Galeria Vermelho e artistas
Yano-a foi desenvolvida a partir da apropriação de uma fotografia em preto e branco de uma maloca Yanomami incendiada, realizada em 1976 por Claudia Andujar. Os artistas buscaram atualizar o instante em que essa imagem foi registrada, recriando de maneira analógica o movimento do fogo e as refrações do calor a partir da projeção dessa fotografia através de uma camada de água. Em outra composição, um projetor adiciona à imagem original o registro animado das chamas extraído dos fotogramas que documentaram o incêndio, nos recolocando exatamente diante do momento em que a maloca se perpetua queimando.
A obra de Miguel Rio Branco desdobra-se entre pinturas, fotografias, filmes e instalações, frequentemente atuando no limiar entre essas linguagens. Seus trabalhos apresentam um mundo violento e fragmentado, conduzindo o público por zonas sombrias do tecido social e da subjetividade humana. Exibe internacionalmente desde a década de 1980, tendo obras em acervos de instituições como o Museu de Arte Moderna de São Paulo; o Instituto Inhotim, em Brumadinho; o Centre Georges Pompidou, Paris; e o Stedelijk Museum, em Amsterdã. Publicou os volumes Dulce Sudor Amargo (1985), Silent Book (1998), e Maldicidade (2014), entre outros. Vive e trabalha em Araras, Brasil.
1979-1980, vídeo, 19’
cortesia Galeria Millan
Nada levarei qundo morrer aqueles que mim deve cobrarei no inferno é composto por fotografias e trechos audiovisuais produzidos por Miguel Rio Branco no bairro do Maciel, na região do Pelourinho, em Salvador. As imagens registram o cotidiano dos bares e prostíbulos do local, seus moradores e frequentadores. É em meio a fragmentos desse cenário que a frase-título aparece, escrita em vermelho, ao fim do filme.
Reinventando o gênero natureza-morta, Braga compõe imagens e situações mesclando materiais como folhas, pedras, ossos, carne e carcaças de animais que desafiam a percepção comum do natural e do cultural, do real e do construído. Dentre suas principais exposições estão a 30ª Bienal de São Paulo (2013); Extreme, na Maison Européene de La Photographie, em Paris (2010); e More force than necessary, individual realizada no Flanders Fields Museum, Ypres, na Bélgica (2010). Vive e trabalha no Rio de Janeiro.
2014, vídeo, 12’50”
cortesia Galeria Vermelho e artista
2011, vídeo, 5’20”
cortesia Galeria Vermelho e artista
2012, fotografia, 60x90cm
cortesia Galeria Vermelho e artista
Embora não tenham sido concebidas como um conjunto, as três obras reunidas nesta exposição constituem um recorte representativo de parte da produção de Rodrigo Braga que, de maneira coerente e sistemática, vem refletindo sobre as relações entre natureza e cultura em fotografias e performances em vídeo. De natureza passional e Mentira repetida, em que o artista performa em meio à mata, relacionam-se com a floresta como lugar possível de acolhimento e abrigo, enquanto Sem título (pedra e árvore) registra um instante do lento e silencioso embate entre uma pedra e um tronco que cresce sobre ela.
Trabalhando em instalações e objetos a partir de materiais como ferro, madeira e outros elementos orgânicos, Bueno reflete sobre a memória urbana através dos resíduos da cidade. Sua prática inclui a realização de oficinas e atividades colaborativas, além da coordenação do Ateliê Mata Adentro. Realizou as exposições individuais A Ferro e Fogo, na Galeria Marília Razuk, em São Paulo (2016); e o projeto solo na Art Bo, em Bogotá (2016); também participou das coletivas Transparência e Reflexo, no Museu Brasileiro da Escultura, São Paulo (2016) e Cruzeiro do Sul, no Paço das Artes, São Paulo (2015), entre outras. Vive e trabalha em São Paulo.
2017, site specific, dimensões variáveis
cortesia do artista
Única obra comissionada para a exposição, o site specific Emboaçava (lugar de passagem) traz um fragmento do ateliê Mata Adentro para o interior do Galpão VB. Utilizando diversos elementos de seu repertório artístico, como grades de ferro de casas demolidas e pedaços variados da flora de São Paulo, Bueno explora o passado da Vila Leopoldina, bairro onde se encontra o Galpão VB, e seu papel na proteção da então nascente cidade de São Paulo contra invasores. O título da obra faz referência a um ponto próximo à atual ponte dos Remédios, onde era possível cruzar o Rio Tietê a pé.
Filho de argentinos exilados na Suécia, em suas instalações, esculturas, fotografias e vídeos Lagomarsino explora perspectivas alternativas às relações de poder em sua dimensão histórica, partindo com frequência de uma reflexão sobre a permanência da herança colonial na América Latina contemporânea. Realizou exposições individuais na Nils Stærk, Copenhague, Dinamarca (2011 e 2013); e na The Swedish Contemporary Art Foundation, Estocolmo, Suécia (2012), entre outras instituições, além de ter participado de mostras coletivas no Museu Reina Sofía, Madri (2014); no Museu Guggenheim, Nova York (2014); e na 52ª Bienal de Veneza, Itália, (2011). Vive entre São Paulo e Malmö, Suécia.
2003, projeção de slide sobre MDF, 45,5 x 25,5 x 42,5cm
cortesia Galeria Mendes Wood DM e artista
2017, instalação, dimensões variáveis
referência da obra El Dorado (título provisório), de Runo Lagomarsino
cortesia Galeria Mendes Wood DM e artista
2014, pôster, 50x60cm
cortesia Galeria Mendes Wood DM e artista
Parte de um amplo conjunto de obras onde o artista aborda criticamente o papel dos museus a partir de uma perspectiva pós-colonialista, os três trabalhos fazem referência à importância dessas instituições como detentoras dos espólios produzidos pelo colonialismo e, por consequência, na consolidação dos estados nacionais europeus. Nessas obras, os materiais e imagens utilizados pelo artista – principalmente ouro e um fragmento de The First New Chronicle and Good Government (1612–1616), texto chave para a reconstituição do que foi a cultura inca – evocam a simultaneidade dos ciclos de espoliação econômica e cultural.
Em sua prática artística, baseada principalmente no uso do vídeo e da instalação, Virginia de Medeiros apropria-se de estratégias do documentário para rever os modos de interpretar o outro, tomando emprestadas formas de investigação antropológica e etnográfica. Participou do 32º Panorama de Arte Brasileira, no MAM de São Paulo (2011); da 2ª Trienal de Luanda (2010), Angola; e da 27ª Bienal de São Paulo (2006). Em 2009, recebeu o prêmio Rede Nacional Funarte Artes Visuais (2009). Vive e trabalha em São Paulo.
2015, vídeo, 7’
cortesia Galeria Nara Roesler e artista
2015, impressão digital sobre metacrilato, 20x30cm
cortesia Galeria Nara Roesler e artista
2015, impressão digital sobre metacrilato, 58x88cm
cortesia Galeria Nara Roesler e artista
Realizado durante as derradeiras etapas da “revitalização” mais recente realizada na Praça Mauá, na zona portuária do Rio de Janeiro, Cais do corpo constitui-se como uma espécie de registro dos últimos dias do universo de prostituição que florescia na região desde a década de 1930. Abordando sob um olhar crítico os projetos urbanísticos que gentrificam zonas inteiras das cidades sem nenhum planejamento de inclusão social, a obra encara a performatividade do corpo das prostitutas como prática social e política na qual se combinam, às vezes de modo singelo, erotismo e resistência. Duas imagens – um frame do vídeo e o registro de sua primeira projeção, sobre o edifício A Noite, na Praça Mauá – complementam a obra.