Arte e geopolítica no Acervo Videobrasil, no MAES, parte da cartografia desenhada pelas duas últimas edições da Bienal de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil. Destacando a produção do chamado Sul Global – termo que se refere aos territórios à margem da modernização hegemônica e do capitalismo central, principalmente na América Latina, África, Leste Europeu, Ásia e Oriente Médio –, a exposição apresenta trabalhos de Aline X, Gustavo Jardim, Alto Amazonas Audiovisual, Ana Vaz, Bakary Diallo, Daniel Monroy Cuevas, Enrique Ramírez, Luciana Magno, Paulo Nazareth, Seydou Cissé, Tiécoura N’Daou e do coletivo indígena formado por Ana Carvalho, Ariel Kuaray Ortega, Fernando Ancil e Patrícia Para Yxapy.

Surgem na mostra práticas artísticas que borram as fronteiras com a ciência e entre as ciências para ampliar nossas concepções de mundo, assim como um uso “artivista” do vídeo por grupos minorizados, para reforçar práticas comunitárias, defender direitos ameaçados e reforçar a utopia de reconstruir o mundo a partir de coletividades ligadas a identidade e afeto.

“A necessidade de fazer reverberar em toda a sua potência histórias não hegemônicas dá ao vídeo um fôlego narrativo que antes era privilégio do cinema. Ao mesmo tempo, e quase na mesma medida, os artistas mobilizam o poder da imagem para criar espaços e metáforas”, diz Solange em texto sobre a mostra. E ela completa: “Não surpreende que uma produção pautada pela ideia de resistência e pela vocação política floresça em um momento de retrocesso e incerteza. A potência da arte que emerge do Sul já não pode ser ignorada pelo circuito internacional, nem se relativiza a importância dessa perspectiva em um concerto global”.

O Acervo Histórico Videobrasil

Ao longo de sua trajetória, iniciada em 1983, a Associação Cultural Videobrasil reuniu um significativo acervo composto por obras em vídeo, principalmente, e pelos mais diversos registros e produções que olham para o amplo e ambíguo contexto contemporâneo do Sul geopolítico.

Um universo em constante crescimento e transformação, o Acervo Histórico Videobrasil tem como principal característica ser um arquivo vivo, aberto a pesquisas e experimentações artísticas. Seu banco de dados permitiu a formação de uma Videoteca com cerca de 1.300 obras entre vídeos, videoinstalações e registros de performances, além da publicação de sete documentários da série Videobrasil Coleção de Autores.


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