A exposição Corpo e performance no Acervo Videobrasil, por sua vez, apresenta na Galeria Homero Massena o resultado de uma imersão nos registros de performances produzidos pelo Videobrasil ao longo de seus 40 anos – incluindo happenings, intervenções musicais, vídeo performances, entre outros. Desde sua primeira edição, em 1983, a Bienal Videobrasil oferece à performance um espaço inédito no cenário brasileiro, inclusive comissionando projetos nesta linguagem para as mostras. Deste modo, a exposição em Vitória ilumina alguns dos rumos tomados pela performance ao longo das décadas, seja incorporando música, teatro, dança, artes visuais e intervenção urbana, seja olhando para os rituais religiosos.

“Nos países do Sul Global, em meio à violência de Estado e à herança colonial, artistas plasmam corpo e imagem em uma produção que é signo de vida contra as políticas da morte. No programa principal desta exposição, eles manobram de formas diversas o repertório da performance para trazer para o próprio corpo o enfrentamento de temas urgentes, como racismo estrutural, terrorismo estatal e violência de gênero”, destaca Farkas. 

Reunida a partir dos mais de 200 registros de performances do Acervo Videobrasil, a lista de artistas e coletivos participantes da mostra, vindos de diferentes cantos do globo, é vasta: Melati Suryodarmo, Marcello Mercado, Coco Fusco, Frente 3 de Fevereiro, Luiz de Abreu, Otávio Donasci, Lenora de Barros e Walter Silveira, Steina Vasulka e Stephen Vitiello, Michael Smith, Waly Salomão e Carlos Nader, Eder Santos, Marco Paulo Rolla, Alexandre da Cunha, Chelpa Ferro, Ayrson Heráclito, Felipe Bittencourt, Aya Eliav e Ofir Feldman e Paula Garcia. 

Há ainda na exposição um programa especial dedicado a artistas capixabas com obras performáticas: Charlene Bicalho, Castiel Vitorino Brasileiro, Geovanni Lima, Fredone Fone, Marcus Vinícius, Natalie Mirêdia e Rubiane Maia. Parte significativa destes trabalhos expostos passarão a integrar o Acervo Videobrasil, que além de cuidar de sua salvaguarda assume o compromisso de dar maior visibilidade e circulação às obras e aos artistas. 

Com as duas exposições em Vitória, reunidas sob o título REVIRAVOLTA, o Videobrasil – criado ainda nos tempos da ditadura – dá sequência a uma de suas grandes missões, ou seja, apresentar e fomentar o uso político, combativo e libertário que os artistas fazem do vídeo. Para isso, a instituição mais uma vez cria caminhos para reativar seu acervo, reaver e compreender as obras em seus contextos e criar diálogos a partir delas. "Para além da complexa questão da conservação – de suporte volátil, o acervo em vídeo demanda estrutura pesada, conhecimento específico e atualização permanente –, coloca-se a necessidade de criar estratégias capazes de manter esses conteúdos vivos e em contato com o mundo”, conclui Solange.


O Acervo Histórico Videobrasil

Ao longo de sua trajetória, iniciada em 1983, a Associação Cultural Videobrasil reuniu um significativo acervo composto por obras em vídeo, principalmente, e pelos mais diversos registros e produções que olham para o amplo e ambíguo contexto contemporâneo do Sul geopolítico.

Um universo em constante crescimento e transformação, o Acervo Histórico Videobrasil tem como principal característica ser um arquivo vivo, aberto a pesquisas e experimentações artísticas. Seu banco de dados permitiu a formação de uma Videoteca com cerca de 1.300 obras entre vídeos, videoinstalações e registros de performances, além da publicação de sete documentários da série Videobrasil Coleção de Autores.


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